ATA DA QUINTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 08-12-2005.
Aos oito dias do mês de dezembro do ano de dois mil
e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi realizada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Ibsen Pinheiro, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen, Luiz Braz,
Manuela d'Ávila, Mario Fraga, Maurício Dziedricki, Professor Garcia e Raul
Carrion. Constatada
a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu
Brasinha, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Bernardino Vendruscolo, Carlos Comassetto,
Dr. Goulart, Elias Vidal, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, Márcio Bins Ely,
Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Maristela Meneghetti, Mônica
Leal, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Nilo Santos, Sebastião Melo, Sofia
Cavedon e Valdir Caetano. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, os Projetos de
Lei do Legislativo nos 263 e 304/05, os Projetos de Lei do Executivo
nos 032 e 033/05, este discutido pelos Vereadores Adeli Sell,
Professor Garcia, Clênia Maranhão, Carlos Comassetto e Raul Carrion. Na
oportunidade, em face de Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos
Vereadores Claudio Sebenelo e Carlos Comassetto, o Senhor Presidente prestou informações
acerca das normas regimentais referentes à inscrição dos Vereadores para
pronunciamentos no período de Pauta. Ainda, foi apregoada a Emenda nº 01, de
autoria do Vereador Dr. Goulart, Líder da Bancada do PDT, subscrita pelos
Vereadores Ervino Besson, Márcio Bins Ely e Mario Fraga, ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 143/05 (Processo nº 2967/05). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Sofia Cavedon discorreu sobre o
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/05, que estabelece o uso
do Índice de Preços ao Consumidor Amplo como indexador da Unidade Financeira
Municipal. Sobre o assunto, analisou a Emenda nº 05, apresentada pela Vereadora
Clênia Maranhão a esse Projeto, afirmando ser necessária análise aprofundada da
questão, para que sejam encontradas fórmulas que não acarretem prejuízos aos
cidadãos. O Vereador Raul Carrion declarou que a ampliação da pista do Aeroporto
Internacional Salgado Filho resultará em desenvolvimento para Porto Alegre,
ressalvando, contudo, a necessidade de observância dos aspectos sociais ligados
à questão. Nesse sentido, relatou o acompanhamento do assunto, realizado pela Comissão
de Urbanização, Transportes e Habitação, em especial quanto ao reassentamento
de vilas localizadas nas áreas abrangidas por essa obra. O Vereador Ibsen Pinheiro
analisou o processo de escolha dos candidatos para disputarem a presidência
desta Casa para o ano de dois mil e seis, externando sua opinião acerca dos
critérios adotados por consenso entre as Bancadas para apresentação desses
nomes. Nesse sentido, declarou que, apesar de seu desejo de ocupar o cargo de
Presidente deste Legislativo, acata os acordos estabelecidos e continua
mantendo sua vocação em favor do diálogo, do respeito e da valorização da Casa.
A Vereadora Maristela Maffei referiu-se à representação ética e cível que o
Vereador Professor Garcia está ingressando contra Sua Excelência, em função de
ofensas morais que supostamente teria cometido contra ele e contra o Governo
Municipal. Em relação ao assunto, asseverou que o Município de Porto Alegre
enfrenta sérios problemas decorrentes das políticas públicas adotadas pelo
Executivo e que as discussões devem ser feitas com o pensamento na Cidade e na
população. O Vereador Claudio Sebenelo posicionou-se favoravelmente à aprovação
do Projeto de Lei nº 182/05, que institui Área Especial de Interesse Cultural na
gleba localizada no Bairro Três Figueiras, tecendo considerações a respeito do Quilombo da
Família Silva. Nesse contexto, ressaltou a importância da aprovação do referido
Projeto de Lei, justificando que essa medida poderá servir como ponto de
partida para amenizar as dificuldades enfrentadas ao longo dos séculos pelos
afro-brasileiros. O
Vereador João Carlos Nedel posicionou-se contrariamente ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 182/05, alegando que o reconhecimento da área remanescente de quilombo
onde se encontra a Família Silva ainda tramita no Poder Judiciário. Também,
mencionou estudos realizados sobre a situação histórica dessa área, indagando
sobre a data de início da ocupação desse local pela comunidade Família Silva e
opinando que esta Casa não tem competência para legislar sobre essa questão. A
seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e
aprovado Requerimento verbal de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando
alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na
ocasião, o Vereador Elói Guimarães e as Vereadoras Clênia Maranhão e Sofia
Cavedon manifestaram-se acerca dos Projetos a serem votados prioritariamente na
presente Sessão, de acordo com a ordem estabelecida pelos Líderes de Bancadas
deste Legislativo. Em continuidade, foi aprovado Requerimento de autoria da
Vereadora Clênia Maranhão, solicitando que as Emendas nos 02, 03, 04
e 05, apostas ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/05 (Processo
nº 6539/05), fossem dispensadas do envio à apreciação de Comissões Permanentes.
Na oportunidade, foi apregoada a Emenda nº 03, proposta pelo Vereador Raul
Carrion e assinada pela Vereadora Manuela d'Ávila, Líder da Bancada do PCdoB,
ao Projeto de Lei do Legislativo nº 030/05 (Processo nº 0619/05). Também, foram
apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente,
referentes ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/05: de autoria da
Vereadora Sofia Cavedon, solicitando a retirada de tramitação da Emenda nº 02;
de autoria da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando votação em destaque para o
Inciso I do artigo 82 proposto pela Mensagem Retificativa nº 01. Na
oportunidade, o Senhor Presidente registrou as presenças da Senhora Ana Maria
Oliveira, Procuradora-Geral da Fundação Cultural Palmares do Ministério da
Cultura; do Senhor Sebastião Henrique Santos Lima, Coordenador de Projetos
Especiais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA; da
Senhora Teresinha da Mota Campanez, Coordenadora de Políticas do Núcleo do Povo
Negro da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; e do Senhor Marco Aurélio Bicca,
representando a Comissão da Semana da Consciência Negra da Prefeitura de Porto
Alegre. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 010/05, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Adeli Sell,
José Ismael Heinen, Bernardino Vendruscolo, João Carlos Nedel, Aldacir Oliboni,
Manuela d'Ávila, Luiz Braz, Elias Vidal, Ervino Besson, Margarete Moraes e
Sofia Cavedon, teve sua discussão suspensa, em face da inexistência de quórum.
Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 010/05, o
Vereador Dr. Goulart cedeu seu tempo de discussão ao Vereador Ervino Besson. Às
doze horas e doze minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária de hoje à tarde, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelo Vereador Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Nereu
D'Avila. Do que eu, Nereu D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por
mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR (Art. 151 do
Regimento)
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
2.ª SESSÃO
PROC.
N. 5589/05 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 263/05, de autoria do
Ver. Claudio Sebenelo, que denomina Praça Paulo Geraldo de Castro Delgado um
logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.
PROC.
N. 6693/05 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 304/05, de autoria do
Ver. Paulo Odone, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao
Senhor Edgar Pozzer.
PROC.
N. 6899/05 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 032/05, que denomina Avenida Carlos Veríssimo de
Almeida Amaral o logradouro público denominado
Avenida nº 3041, localizado no Bairro Vila Ipiranga.
PROC.
N. 6960/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 033/05, que cria os Centros Populares de Compras
no Município de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda n. 01.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI
SELL: Bom-dia,
Sr. Presidente, colegas Vereadoras e Vereadores, falarei sobre o Projeto que
cria o Centro Popular de Compras no Município de Porto Alegre, ou seja, o
camelódromo. Eu o li atenciosamente como costumo fazer com os Projetos que aqui
aportam.
Esse é um Projeto sobre o qual tínhamos expectativa desde agosto, porque foi no recesso de julho - o incrível recesso de julho - que a discussão começou, e a promessa era que, na primeira semana de agosto, aportaria aqui o Projeto de Lei do Executivo. Passaram-se seis meses; meio ano depois, o Projeto chegou, e agora se quer votá-lo com urgência urgentíssima. Esse é um procedimento do qual esta Administração está se tornando useira e vezeira.
Eu quero saber quando esta Cidade, quando este
Governo começará a obedecer à legislação. A legislação é clara, claríssima,
Ver. Nedel; o senhor, inclusive, foi um dos propositores dos chamados “shoppings populares”, que tiveram, têm e
sempre terão o meu apoio. Mas esse Projeto não é claro; ele elimina o comércio
informal de rua. O Projeto terá o meu apoio. Todo mundo sabe que calçada é para
circular. Todo mundo sabe que esquina de rua é para ter faixa pintada, que os
pedestres e motoristas têm de obedecê-la. A idéia do Projeto, sem dúvida
nenhuma, terá sempre, Ver. Maurício Dziedricki, o meu apoio.
No entanto, a Lei é clara: nós temos de fazer
audiências públicas - no plural; tem de ser feito um Estudo de Impacto de
Vizinhança. Então, nós não podemos aprovar um Projeto de Lei que, supostamente,
cria centros populares de compras sem uma discussão prévia, porque eu posso ter
um centro popular de compra num prédio devoluto.
Eu vou apresentar aos Srs. Vereadores, às Sras
Vereadoras e, principalmente, aos Vereadores novos, que não participaram, há
seis anos, da elaboração e da discussão de uma Lei que aqui foi aprovada, que
determinava que o esqueleto daquele prédio da Av. Otávio Rocha com a Rua Mal.
Floriano fosse concluído em cinco anos, pois os donos daquela monstruosidade
acabam avacalhando o visual daquela
região da Cidade, não concluindo o prédio.
O dono da esquina da Rua Vigário José Inácio com
a Rua Gen. Vitorino, que eu conheço e sei das falcatruas que sempre fez - e um
dia já veio fazer lambança dentro da Câmara de Vereadores -, também não concluiu
a construção.
Eu tenho as duas Leis na minha mesa. Falta-me a
palavra técnica para expressar a minha idéia, mas a Prefeitura poderia fazer
não apenas uma intervenção; ela poderia utilizar meios legais para tomar conta
daqueles espaços. E por que não o faz? A Lei está a favor da Prefeitura. O
prédio da Rua Vigário José Inácio com a Rua Gen. Vitorino tem duas entradas;
portanto há dois pisos térreos, porque, por uma entrada, há um piso, e, por
outra entrada, há outro piso; então, os camelôs estariam contemplados.
Contemplados! Eles não querem subir escadinhas. No tal camelódromo aéreo que
está sendo proposto e badalado - houve até maquete na imprensa -, tem que ter
escada, escada rolante, um monte de coisas! Alguém perguntou para o IAB, para o
Sindicato dos Arquitetos, enfim, para os técnicos, se é viável esse
equipamento? Pois eu fui ao Instituto dos Arquitetos do Brasil. Todas as
pessoas com quem eu falei dizem que, em relação à viabilidade técnica, tudo
hoje é possível, como diz o Ver. João Dib, mas se gastaria uma babilônia de
dinheiro para se organizar aquele processo conturbado de coisas.
A idéia é muito boa, e eu voto a favor dela;
agora, o Projeto vai ter de ser emendado, discutido, e não há pressa para
votar, não é preciso votar este ano, não existe o problema da anualidade.
Portanto, calma lá, entendem? No atropelo, não!
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, também venho falar
sobre esse Projeto que o Executivo enviou a esta Casa sobre a questão, vamos
dizer na nomenclatura mais popular, do camelódromo de Porto Alegre.
Entendo que é o início de uma grande discussão
que há muitos anos a Cidade coloca sob um olhar diferenciado, mas que nunca
teve a coragem de enfrentá-la de forma concreta. Pois agora está vindo um
Projeto para esta Casa. Apreciando-o, podemos dizer que talvez esse não seja o
melhor Projeto, mas é o Projeto apresentado como viável até agora.
O Prefeito Fogaça tem-se pronunciado no sentido
de manter uma interlocução permanente com todas essas pessoas que trabalham e
vivem do comércio de rua em Porto Alegre, dando-lhes dignidade e, ao mesmo
tempo, de maneira firme e incisiva, excluindo aqueles que vivem da pirataria,
do comércio ilegal, do contrabando. Estes não terão vez. Agora, aqueles, que
são a grande maioria, são pessoas sérias.
Sabemos que, no mundo moderno, cada vez mais
estamos criando contingentes de excluídos, porque não conseguem entrar no
mercado de trabalho. Então, essa será uma forma de agregá-los, de dar-lhes mais
dignidade, para que eles possam, inclusive, contribuir futuramente para o INSS,
uma contribuição social que lhes dará direito a uma aposentadoria.
Volto a dizer que estamos iniciando esse debate,
mas a discussão será longa, a implementação também, porque imaginem os senhores
e as senhoras o que significa relocar todo esse contingente humano, num
primeiro momento, no Centro da Cidade, para depois começar uma outra discussão
nos diversos bairros da Cidade, no sentido de saber onde relocá-los. Mas eu
vejo como um grande mérito poder iniciar, de forma precisa, um novo Projeto.
Sei que, recentemente, o Ver. Adeli Sell e o
Ver.Luiz Braz foram a Belo Horizonte.
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Compartilho com o seu ânimo
porque eu também tenho um grande ânimo; eu quero resolver esse problema. Eu
disse e repito: sou sempre parceiro.
Os ambulantes estiveram aqui na Casa ontem. Eu
deixei claro a eles, quando entregaram o documento: sempre serei favorável a
tirar todos os ambulantes da rua - todos, sem exceção. Os cegos deverão ter um
determinado tratamento; o pessoal que está na Praça XV deverá ter um determinado
tratamento, porque eles têm até um suporte legal; eles entram na Justiça, se a
Lei não for muito bem amarrada.
Agora, Ver. Garcia, convenhamos, uma Audiência
Pública já deveria ter sido feita sobre os espaços do Centro - a Lei diz isso!
Eu venho dizendo isso há seis meses! Eu estudei esse caso demoradamente! Então,
vamos discutir! Se quiserem o nosso apoio, deve haver diálogo, Ver. Garcia, e
não está havendo diálogo sobre esse caso!
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Vereador,
essa é justamente a idéia, e tenho certeza de que V. Exª e o Ver. Luiz Braz,
que analisaram e vivenciaram essa situação, terão todas as condições de ajudar
o Sr. Prefeito nessa batalha.
O Sr. Luiz
Braz: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Garcia, acompanho V. Exª
e posso dizer que, em Belo Horizonte, o que nós vimos é que o Prefeito do PT só
conseguiu implantar esse sistema, porque acabou fazendo as coisas sem ligar
muito para as pressões que eram feitas. De um momento para o outro, ele disse
que não suportaria mais camelôs nas ruas e começou a punir todos aqueles que
estivessem de forma ilegal nas ruas. De uma hora para outra, a permanência do
camelô na rua se tornou ilegal. Assim ele conseguiu. Até o momento em que nós
fomos lá, em Belo Horizonte, ainda existiam reações por parte de camelôs, com
relação aos problemas.
O Ver. Adeli sabe muito bem que o Prefeito de
Belo Horizonte não conseguiu vencer as pressões daqueles que não queriam sair
das ruas, mas ele agiu da única maneira que ele achou que resolveria a questão:
fazer, e depois deixar que as outras coisas se resolvam com o tempo.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, neste período
preliminar de Pauta, eu quero discutir mais um dos importantes Projetos
trazidos a esta Casa durante este ano, nosso primeiro ano de governo. E já
estamos em fase final de discussão.
Mas eu não poderia não responder às colocações
aqui trazidas pelo Ver. Adeli Sell.
O Vereador sobe a esta tribuna e diz que nós
ainda estamos atrasados na busca da solução do shopping popular. É uma coisa fantástica! Durante 16 anos, nós
cobramos uma solução para isso e não a obtivemos. Estamos com menos de um ano
de governo e já temos um Projeto, que chegou a esta Casa no mês de novembro;
chegou exatamente no final do ano, porque, durante todo este ano, a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre fez Audiências Públicas, reuniões não apenas com os
setores econômicos mais expressivos da Cidade, mas também com os representantes
dos camelôs. É uma pena que o Vereador não tenha participado dessas Audiências
Públicas. Eu, há pouco, conversava com o Ver. Ismael, e ele relatava uma das
experiências de Audiências Públicas das quais ele participou.
O Sr. José
Ismael Heinen: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Para
colaborar com a nossa nobre Líder Verª Clênia Maranhão, na Audiência Pública,
havia a divergência quanto ao shopping
ser horizontal ou vertical, e chegou-se à conclusão unânime, naquela tarde, de
que seria horizontal e no mesmo local onde está sendo proposto hoje. Apenas eu
estou sentindo, agora, que há divergências quanto ao uso por parte dos camelôs.
Quanto ao local, quanto à forma, naquela Audiência, houve unanimidade. Quer
dizer, o Governo dialogou, o Secretário da SMIC dialogou, e houve um consenso
quanto à formatação desse Projeto.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: Exatamente,
Vereador! Nós estamos tratando aqui de um Projeto do Executivo que procura
construir uma política pública destinada à inclusão social, elevando à condição
de comerciantes os ambulantes que vivem nas ruas de Porto Alegre.
A proposta que nós já construímos é uma
iniciativa que dá regularidade formal a um número expressivo de trabalhadores
que hoje ficam nas ruas, criando, inclusive, uma situação difícil com a
comunidade, porque o Centro de Porto Alegre, hoje, é um lugar difícil de se
transitar. O shopping popular de
compras é uma aspiração da sociedade porto-alegrense; ele representa a revitalização
efetiva do Centro da Cidade. Porém, nós não tomamos uma decisão de construir
uma política repressiva. A proposta do centro popular de compras, ao mesmo
tempo em que devolverá à população de Porto Alegre o Centro da Cidade, é um
Projeto comprometido com a inclusão, com a formação e com a construção de um
espaço digno de trabalho para os trabalhadores que estão nas ruas de Porto
Alegre.
O shopping
popular é um empreendimento importante, porque ele garante segurança e proteção
contra as intempéries. O Projeto compatibiliza os interesses econômicos, os
interesses da coletividade, devolve o acesso às ruas e, por meio do diálogo,
que ainda prossegue e que prosseguirá não apenas com o conjunto dos Vereadores
desta Casa, mas também com a sociedade porto-alegrense, enfim, porá um término
a uma enorme novela que se arrasta, de luta, de brigas, de disputas entre os
camelôs e os não-camelôs, entre o Poder Público e os trabalhadores do mercado
informal.
Eu acho que a idéia foi extremamente exitosa, e
o êxito se deve exatamente a essa construção dialogal entre os setores
econômicos formais e os setores econômicos não-formais do nosso Município.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. CLAUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com relação à inscrição para
o período de Pauta, eu tenho o testemunho da Verª Clênia Maranhão de que nós
chegamos ao mesmo tempo aqui; em terceiro lugar, ela, e, em quarto lugar, eu.
Então, todos os dias, quando eu chego aqui, há uma lista pronta, com a mesma
letra sempre e com a mesma caneta. Eu supunha que hoje seria a mesma coisa.
Então, eu estou me sentindo injustiçado, porque - quero registrar - eu cheguei
antes da hora; deveria estar inscrito em Pauta e não estou, porque todos os
outros dias há uma letra só, com uma caneta só, registrando todas as presenças.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Especificamente, no dia de hoje, estão as
assinaturas dos Vereadores.
O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra.
O SR. CARLOS
COMASSETTO:
V. Exª poderia ler a lista, por favor, para não haver dúvida?
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A lista é a seguinte: Ver. Adeli Sell, Ver.
Professor Garcia, Verª Clênia Maranhão, Ver. Carlos Comassetto, Ver. Raul Carrion, Ver. Nedel, Ver. Luiz Braz e Verª Maria
Celeste.
O SR. CARLOS
COMASSETTO:
Está bem. Ver. Sebenelo, aqui, fraternalmente, quero dizer que, quando eu
cheguei, a lista estava em branco, havia vários Vereadores, é verdade, aqui no
Plenário, mas não haviam assinado. Eu me proponho, neste momento, a
compartilhar o tempo com o senhor no debate.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO:
Não, muito obrigado. Eu acho que essa é uma questão da Casa. Acho que tem de
haver um regramento diferente disso que está ocorrendo agora.
Estou registrando este fato: não vou participar
da Pauta hoje, e eu gostaria de participar, mas não o farei em nome de uma
mudança e de um novo regramento, pois isso, assim, fica muito difícil.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu gostaria de esclarecer ao Ver. Claudio
Sebenelo que os Vereadores assinam o livro; evidentemente, se houver
entendimento e acordo, nada impede, Ver. Claudio Sebenelo, que alguém possa,
autorizado pelo Vereador, colocar o nome; não vejo nenhum mal nisso. Mas vamos
estabelecer o seguinte: vou solicitar que o Vereador assine o livro.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Com relação a essa questão da Pauta, nós já
tivemos problemas no passado, e isso estava mais ou menos resolvido. Então, vou
apelar aos Srs. Vereadores e às Sras Vereadoras que subscrevam o
livro.
Tenho em mãos o art. 152 do Regimento Interno
(Lê.): “As inscrições para a discussão da Pauta serão intransferíveis e
efetuadas pelo Vereador interessado, em livro próprio, que estará à disposição
junto à Mesa, às segundas, quartas e quintas-feiras, a partir das 13 horas e 45
minutos”. Então, o Vereador terá de assinar o livro, sob pena de estar
infringindo o art. 152.
Naqueles aspectos, V. Exª tem razão; V. Exª
mostrou que há pessoas que subscrevem em nome dos outros. Hoje, por exemplo,
está de acordo, todos o Vereadores assinaram o livro, embora V. Exª tenha
chegado cedo, conforme já disse.
O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Exmo.
Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, colegas Vereadores, colegas Vereadoras,
público que nos assiste, com relação ao Projeto de Lei que ingressa nesta Casa,
sobre os centros populares no Município de Porto Alegre, creio que ele traz
algumas iniciativas positivas e propositivas; traz também um conjunto de
fragilidades e equívocos como processo.
Quero apresentar essas iniciativas aqui, em
público, no sentido de aquecer este debate para que a Cidade saia ganhando.
A primeira delas, a inovação que traz o Projeto,
é a criação dos centros populares de
compra. Creio que essa é uma afirmação, Ver. Adeli Sell, importante do
ponto de vista da economia, da pequena economia, da microeconomia e da economia
informal. No momento em que nós afirmamos, incorporamos essa economia na vida
da Cidade, estamos abrindo uma frente para combater as irregularidades, os
contrabandos, as ilegalidades e assim por diante.
Então, essa é uma das questões afirmativas,
assim como passar a chamar os nossos tradicionais camelôs de comerciantes
populares é uma questão de conceito. Temos de construir isso; o conceito e a
afirmação de uma categoria não se fazem por lei; nós construímos a categoria
junto com os setores, junto com a Cidade, junto com a sociedade, incorporando-a
à vida da Cidade.
Mas a preocupação maior que
trago aqui é a respeito da proposta do camelódromo aéreo ou do Centro Popular de Compra, ali no
Centro, mais precisamente na Praça Parobé, onde se pretende fazer um prédio
aéreo para instalar os comerciantes populares.
Vereadores e Vereadoras, esse Projeto, da
maneira como está apresentado, do ponto de vista urbanístico e da estética da
Cidade, traz alguns equívocos que precisam ser lapidados para que se tenha
sucesso.
O primeiro deles é que a Pça. Parobé é uma área
pública e está destinada, hoje, no nosso Plano Diretor, ao sistema viário.
Portanto, se ela está destinada ao sistema viário, Ver. Garcia, não pode ser
utilizada como equipamento de interesse institucional se nós não mexermos, não
mudarmos a Lei do Plano Diretor. Essa carência continua; o Projeto de Lei não
traz o indicativo da utilização do solo urbano para essa finalidade, Ver. João
Dib. Então, quero dizer que essa é a primeira carência que identifico no
Projeto, e trago aqui a questão dessa carência para o debate.
Se hoje está gravada aquela área como de
interesse para o sistema viário, é para o sistema viário. Se quisermos fazer
ali um prédio de utilidade pública, temos de discutir o Plano Diretor, mudar o
regime dele e transformar o local em área de interesse institucional. O Projeto
de Lei do Executivo não traz essa orientação.
A segunda questão é que, se nós temos de fazer
um empreendimento de grande vulto, temos de obedecer à Legislação Federal,
Estadual e Municipal.
Acabamos de participar, no final de semana, em
Brasília, da Conferência Nacional das Cidades, e o documento que rege isso, nas
relações das cidades, chama-se Estatuto das Cidades. Eu pergunto: onde está a
orientação para fazer o Estudo de Impacto de Vizinhança, que é necessário para
aquele Projeto? Isso não está apontado aqui, não está explicado como vai ser
feito, Ver. Luiz Braz.
O terceiro ponto é a questão do planejamento
participativo. Ali na Região Centro, existe um Fórum de Planejamento que
discute com toda a Cidade. Fomos discutir com a Sociedade de Engenharia; fomos
discutir com o IAB; fomos discutir com o Fórum de Planejamento da região, sob o
ponto de vista arquitetônico, sob ponto de vista dos projetos de orientação construtiva
- que têm e devem estar baseados no nosso Plano Diretor -, e essa lacuna ainda
está em aberto.
Eu trago este debate para os colegas Vereadores
e Vereadoras, porque um Projeto como esse, que vai mexer não só na vida
econômica do Centro da Cidade - com todo esse público que tem o nosso maior
apoio para encontrar as melhores soluções - também é um Projeto da vida urbana,
também é um Projeto da arquitetura, também é um Projeto da estética da Cidade,
também é um Projeto que trabalha o tema da Segurança.
Então, Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, para
concluir, o Projeto de Lei apresentado à Câmara - sob o ponto de vista do nosso
Partido e deste Vereador – é ainda insuficiente para podermos vencer todas as
etapas necessárias; ele traz iniciativas boas, traz iniciativas interessantes,
mas, do ponto de vista da inteligência, da engenharia e da democracia
participativa, é insuficiente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. RAUL CARRION: Exmo. Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras, pessoas que
nos acompanham, nesta manhã, nos trabalhos da Câmara Municipal de Porto Alegre,
queríamos, em primeiro lugar, dizer que, no nosso entendimento, a questão do
trabalho informal, do trabalho dos camelôs não é caso de polícia nem caso de
limpeza do Centro da Cidade como alguns pensam; é um problema essencialmente
social.
Os 12 anos de governos neoliberais levaram o
Brasil a um nível de desemprego, subemprego e informalidade enorme - a Verª
Neuza Canabarro, outro dia, se manifestou nesse sentido.
Hoje, Verª Neuza, quase 60% dos trabalhadores
não têm carteira assinada, não têm emprego fixo, vivem de expedientes, de
vendas, etc. Portanto, a maioria são mulheres e homens dignos, honestos, que
conquistam o pão para a sua família no trabalho informal, na intempérie, sem
Previdência Social, sem direitos sociais, sem férias, sem nada. Ninguém
trabalha na rua porque quer; trabalha porque não tem alternativa de emprego.
Essa é a realidade!
Vejam bem: o trabalho de rua não se limita ao
camelô; temos as floristas, temos as bancas de revistas - que também ocupam
espaços públicos, ou não ocupam? -, temos as feiras de artesanato, as feiras
livres, os vendedores de picolé, de pipoca, que ficam nos eventos. Então, o
espaço é público, mas há uma realidade social, uma realidade objetiva.
Nós entendemos que, evidentemente, frente a esse
quadro, o Poder Público não pode se omitir; tem de coibir a ilegalidade, tem de
regrar uma série de questões que têm sido levantadas, sem perder a visão
social.
Eu acho que a chamada “tolerância zero” acaba
penalizando o fraco, porque o poderoso continua agindo de forma incorreta. Nós
tivemos, há pouco tempo, apreensões no grande comércio de contrabando de
mercadoria roubada; tivemos aqui, inclusive, uma Moção, de autoria do Ver.
Adeli, que mostra isso.
Então, nós temos que conseguir fazer a inclusão
social desses comerciantes, fazer a inserção deles no mercado formal que eles
reivindicam. Isso inclui o incentivo ao associativismo, o respeito à
auto-organização, ao cooperativismo, às incubadoras comerciais, à qualificação
profissional desses trabalhadores; o incentivo à autoprodução, à inclusão
previdenciária - que tem de ser prevista. É necessário que se criem novos
espaços ordenados para o comércio informal, espaços acoplados às feiras livres
- e não imagino que alguém queira acabar com as feiras livres, que se dão em
espaços públicos -, mercadorias para os trabalhadores informais, centros
populares - é justo -, camelódromos e depósitos regulares para essas situações
admitidas.
E, concluindo esse primeiro aspecto - depois, em
outra intervenção, falaremos sobre o Projeto, que nos parece simplista -, uma
grande demanda desses trabalhadores que aceitam a idéia de centros comerciais
querem que sejam construções horizontais - a verticalidade, para eles,
inviabiliza o Projeto -, e que os centros sejam administrados coletivamente:
Poder Público, iniciativa privada e os próprios trabalhadores informais.
O Sr. Adeli
Sell: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Tento dialogar com V. Exª,
principalmente na questão de tentar separar o joio do trigo.
Em quatro dias, no Norte do Estado, foram
apreendidos 120 mil reais em mercadorias - dias 2, 3, 4 e 5 de dezembro, em
Pelotas -, e foi preso o maior contrabandista de cigarros.
Temos alguns na informalidade, que estão
exatamente a serviço desse segmento, mas não querem se formalizar, criam os
conflitos no Centro da Cidade. Por isso temos de separar sempre o joio do
trigo. Obrigado.
O SR. RAUL
CARRION:
Vamos continuar discutindo, acho que temos de separar o joio do trigo.
Eu diria que, talvez, Ver. Adeli, alguns que
trabalham com o joio, se for dada uma alternativa, passarão a trabalhar com o
trigo, porque eles são as vítimas também, porque o fornecedor da mercadoria, às
vezes, trabalha com mercadoria ilegal. Temos de criar condições para que aquele
que vende lá possa trabalhar com mercadoria legal, que é o que ele quer. Ele quer
o ganha-pão, ele não quer trabalhar com tal ou qual mercadoria.
Acho que é uma discussão importante.
Não pude me referir mais propriamente ao Projeto, com que
temos uma série de preocupações e restrições, mas temos possibilidade de
fazê-lo hoje à tarde. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Apregoamos a Emenda de Liderança nº 01 ao PLL nº
143/05, que altera a redação da alínea “a” do art. 1º. A Emenda objetiva deixar
mais claro o texto da Lei, uma vez que o Projeto não inclui nos limites do
bairro Ponta Grossa a área do Aeroclube do Rio Grande do Sul, alínea “a”, e sim
nos limites do bairro Belém Novo, alínea “c”.
Encerrada e discussão da Pauta. A Verª Sofia Cavedon está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente,
Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, nobres Pares
da Casa, companheiros, colegas municipários, público que nos acompanha nesses
dias em que temas tão importantes, com tantas conseqüências para a cidade de
Porto Alegre estão sendo tratados em Sessões bastante extensivas, nós queremos
tratar, nesta fala de Liderança, de um tema que tem “sacudido” a Cidade, que
tem causado uma reação importante na cidade de Porto Alegre, que é a mudança do
índice para o reajuste do IPTU.
Acho que a construção de uma Emenda coletiva da
base do Governo significa um importante recuo deste Governo, e é importante que
este Governo sinta a reação popular, a reação das instituições representativas
da sociedade, da oposição, e reconheça que não está sendo coerente com o seu
discurso de não ampliar impostos.
Ficou claro que a mudança casuística para o
IPCA, neste momento, significaria um mascaramento de uma ampliação do aumento
de impostos. E a sociedade não aceita tratar esses temas dessa maneira,
especialmente com quem, por 16 anos, discursou nos acusando de cobrar impostos,
de sermos fiscalizadores, e aí ganham uma eleição, afirmando que não ampliarão
impostos. Mas nós ainda achamos que existem temas que precisam ser melhor explicados.
Vereadora Clênia, esse é um dos motivos pelos
quais estamos trabalhando a melhor forma e o melhor momento de votar o IPTU
hoje. Nós queremos dizer que a nossa Bancada e toda a Frente Popular têm
exigido o debate por inteiro de cada matéria que está em Pauta nesta Casa,
porque não será o atropelo, não será a nossa falta de disposição de ficar horas
e horas aqui que vão permitir que aprovemos projetos sem examinar todas as conseqüências de cada um deles. E com essa mudança, com essa
Emenda que propõe a base do Governo, nós, de fato, não teremos alteração do que
seria o reajuste pelo IGP-M, na vida real, porque haverá o desconto da
diferença para todos, para os que parcelarem e para os que pagarem adiantado.
Mas ainda há um prejuízo: ao votarmos esse Projeto assim, nós estamos
diminuindo, sim, os prazos para pagamento com desconto, porque, para o ano de
2005 - o IPTU de 2004 - foi concedido o prazo que ia até 10 de fevereiro, Ver.
Dib, com um reajuste, mas com desconto de 20%. Está, sim, diminuindo este prazo
e este desconto. O desconto agora é de 10% para quem paga em fevereiro. Então,
se aprovarmos isso, estaremos diminuindo as condições para o contribuinte pagar
o IPTU com valor menor, com prazo maior.
Mas o mais
importante, o mais grave - nós queremos que seja feito o debate nesta Casa e
com a sociedade - é que o Governo já alterou o índice para pagamento dos seus
contratos, já adotou o IPCA para os contratos em vigor, em vigência na cidade
de Porto Alegre. E o Secretário Tatsch vai aos jornais e diz que a proposição
tem o objetivo de equilibrar as contas da Prefeitura, que já aplica o IPCA na
correção das despesas com fornecedores e da folha de pagamento.
Nós queremos entender
em nome de que o Governo assumiu o índice maior neste ano para pagar os seus
contratos, e agora corre atrás do seu prejuízo, precisando colocar também o
IPCA na arrecadação de impostos. Em que momento e em nome de que o Governo fez
isso? E é por isso a urgência, Ver. Sebastião Melo, e mesmo não aplicando IPCA
integralmente, que ele seja lei - estamos achando que é isso -, para explicar
ao Tribunal de Contas, como é que usa o índice maior para pagar os seus
contratos? Essa decisão do Governo
foi unilateral, não passou por esta Casa, tem implicações na conta da
Prefeitura, poderá trazer um prejuízo enorme à Prefeitura, é o próprio
Secretário Tatsch que diz.
Agora as coisas ficam
mais claras. O Governo já deu um índice maior para os empresários, para os seus
contratos, e precisa equilibrar suas contas aplicando no IPTU, na Taxa de Lixo.
Então, nós temos de refletir bem isso, porque
essa decisão prejudica a cidade de Porto Alegre, prejudica o orçamento público
e, por fim, quem paga a conta são os contribuintes, apesar de a sociedade
gritar, e o Governo estar protelando a aplicação para o ano que vem. A
Prefeitura já está gastando mais com os seus contratos, e, por algum motivo
inexplicável, resolveu pagá-los pelo maior indexador. Qual a explicação disso?
Agora nós temos de corrigir isso, equilibrar as
contas da Prefeitura sem termos participado da decisão anterior. Essa é a
questão que nós queremos discutir, pois isso tem implicações na vida dos
cidadãos e das cidadãs, porque são menos recursos que a Prefeitura vai investir
na Cidade porque majorou os seus contratos pelo IPCA e não pelo IGP-M. O que
significa uma gestão dessa?
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver.
Elói Guimarães, demais Vereadores, Vereadoras, o nosso abraço às comunidades
aqui presentes, que vêm acompanhar a votação dos Projetos de seu interesse.
No dia de ontem, o Ver. Comassetto já tratou da
questão do Projeto de ampliação da pista do nosso Aeroporto.
Eu queria complementar alguns dados e tratar
também de outras questões, do trabalho que nós temos feito na CUTHAB - Comissão
de Urbanismo, Transporte e Habitação.
Com relação ao Aeroporto de Porto Alegre, é
importante destacar que a ampliação da pista é uma demanda de alguns anos, uma
demanda não só do interesse da cidade de Porto Alegre, mas do Estado do Rio
Grande do Sul.
O nosso Aeroporto, com uma pista de dois mil e
poucos metros, não pode receber grandes aviões, hoje cada vez maiores, grandes
cargueiros para a exportação, e, quando recebe alguns aviões maiores, eles não
podem decolar ou aterrissar com a sua capacidade máxima. Isso leva o Rio Grande
do Sul e da cidade de Porto Alegre a uma deficiência logística. Por isso é
fundamental a ampliação da pista.
Mas o problema da ampliação do Aeroporto está
ligado também à questão da urbanização assentamento de praticamente três mil
famílias que vivem na Vila Dique, que vivem há décadas na Vila Nazaré em
condições desumanas, em habitações inadequadas.
Nós podemos solucionar a questão da ampliação da
pista, mas também proporcionar condições dignas a essas famílias. Assim sendo,
foi estabelecido um trabalho conjunto, Governo Federal, Governo Estadual,
Governo Municipal e a nossa Bancada, através de uma Comissão nesta Casa.
A Bancada Federal fez Emendas no Orçamento no
valor de 10 milhões de reais para viabilizar a aquisição de uma área
alternativa, a urbanização dessa área e a sua adequação para receber essas
famílias.
O Ministério das Cidades disponibilizou 25
milhões de reais. Temos aqui 35 milhões previstos para resolver isso, sem falar
das verbas da Infraero, que já estão adquiridas para a ampliação da pista. Tudo
isso, Ver. Ismael, está em risco de ser inviabilizado pelo fato de, até hoje,
não haver uma área adquirida pelo Governo do Estado, que diz ter uma área
escolhida e que está sendo estudada.
Tivemos uma importantíssima reunião da CUTHAB,
terça-feira, Ver. Garcia - V. Exª, que participou da Comissão Especial do
Aeroporto -, e lá constatamos que os planos de trabalho que o Estado tem que entregar
não estão ainda efetivados. Depois, teremos de receber os planos de trabalho da
Prefeitura. Esses planos de trabalho têm de ser levados para a Caixa Econômica,
e, até 30 de dezembro, Ver. Garcia, tem que ser assinado o contrato.
O Estado diz que ainda estava pedindo os estudos
geotécnicos que a Cientec iria fazer. Então, se não fosse a intervenção da
CUTHAB, Ver. Garcia, com certeza absoluta isso se
perderia, e nós teríamos de recomeçar todo o trabalho. A partir disso, marcamos
uma força-tarefa, e, na terça-feira, faremos nova reunião, pela manhã, na Caixa
Econômica Federal, convocada pela CUTHAB, quando esperamos que o Governo do
Estado concretize a área, a Prefeitura concretize os informes que tem que dar,
e possamos, Ver. Elói Guimarães, assinar esses contratos até o dia 30. Até
vamos propor que os contratos sejam assinados aqui nesta Casa, com a sua
presença, pelo grande trabalho desta Casa, seja pela Comissão, seja pelo
trabalho que fizemos; parece-me que foi o Ver. Gerson que pediu no ano passado,
e o Ver. Garcia participou. Em maio, houve uma reunião, uma reunião na
terça-feira passada, e, na próxima terça-feira, haverá outra, pela manhã. Tanto
que, quando se convidou para a reunião, lá na Caixa, todos foram unânimes em
pedir que a reunião fosse chamada pela CUTHAB, pelo papel que a Comissão está
desempenhando nesse caso.
Então, achamos que o
assunto é do interesse de todos os Partidos e de todos os níveis de Governo,
mas precisamos agilizar, sob pena de perder um longo trabalho, que não começou
neste ano, nesta CUTHAB, mas que começou na Comissão Especial, da qual o Ver.
Garcia participou também, e, possivelmente, vamos assinar vitoriosamente.
Aliás, o Senador
Zambiasi foi um dos que fez movimentos, em nível nacional, por essas Emendas
parlamentares; foi uma Emenda de Bancada no valor de 10 milhões para resolver o
problema. Muito obrigado. Era o que achávamos importante trazer para esta Casa.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Ibsen Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR.
IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, pedi ao Líder da minha Bancada acesso a este
espaço de Liderança, embora a colocação que vou fazer seja um pouco pessoal - e
por isso me desculpem não ter anunciado o tema antecipadamente ao Líder
Sebastião Melo -, mas é político, é partidário e interessa a esta Casa.
Quero
dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, ao contrário do que gostaria, não
vou disputar a presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre neste ano de
2005. É pessoal, mas acho que interessa à Casa, e este é o lugar adequado para esta manifestação pessoal.
O nosso Partido,
junto com o PDT, tem as duas posições para que uma seja escolhida. Os Partidos
tiveram dificuldades internas compreensíveis, e se andou por um caminho que
alguns colegas me advertiram que poderia ser ou uma intervenção interna, de
cada um dos Partidos, ou uma inconveniência política de qualquer natureza.
Ponderei sobre isso. Acho que
reunir 26 Vereadores da base aliada para escolher entre os candidatos do PMDB
ou entre os candidatos do PDT pode significar, em princípio, uma intromissão;
no limite, uma violência; no mínimo, um constrangimento. Como não tenho o poder
de interferir nesse mecanismo e como a Verª Clênia Maranhão conduz isso com
grande equilíbrio, na intenção de uma solução harmônica, quero dar a minha
contribuição à véspera do momento de se decidir o critério. E o critério seria
uma votação secreta entre os 26 Vereadores e quatro candidatos, dois de cada
Partido. Não me parece um bom critério. Parece-me que devemos observar a
precedência dos Partidos, no caso, PMDB ou PDT, cabendo à base aliada definir a
ordem, isso sim, um deles o ano que vem, e o outro no quarto ano.
Eu folgo de ter contribuído no
primeiro momento, nesta Casa, para um acordo - que é o que está em vigor –
envolvendo, pelo critério da representatividade, as quatro maiores Bancadas.
Não era o acordo original, não. O acordo original previa o primeiro ano para um
Partido de um Vereador, embora um Vereador de grande expressão pessoal e
política.
O meu Partido sustentou, desde
o primeiro momento, que não se excluíssem os quatro primeiros Partidos não
apenas por uma questão aritmética, mas também por uma questão política de não
excluir da Administração da Casa a Frente Popular, que, à época, tinha 12
representantes. Contribuí, junto com o meu Partido, para esse acordo. Agora,
quero contribuir retirando o meu nome para que o PMDB tenha um candidato, e o
PDT tenha o seu assunto interno - que ele haverá de resolver.
Mas eu queria dizer isso nesta tribuna, porque
digo com uma certa dose de desencanto, porque eu queria ser Presidente da nossa
Casa. E não estava colocando o nome à disposição, não, porque não gosto dessa
espécie de grandeza: eu estava reivindicando e postulando, sim, gostaria, Sr.
Presidente, de sentar na cadeira que V. Exª honra com sua correção. E gostaria
- como se diz no futebol -, porque é um título que me falta; que gostoso
perseguir-se um título, no caso, o de Presidente do Legislativo da minha Cidade.
Vou arquivar; não é o
primeiro sonho que eu arquivo. Mas eu faço com uma dose de desencanto pessoal,
sem nenhum travo de amargura, registrando o agradecimento às manifestações
calorosas de apoio que recebi, procurando transferi-las para a participação no
processo, com a certeza de que o acordo haverá de funcionar durante os quatro
anos desta Legislatura, para que tenhamos convivência aguerrida na disputa
política e ideológica, mas unida na valorização da Casa.
Quero dizer aos meus
colegas que, quando me perguntam na rua ou nas reuniões como me sinto aqui,
tendo - como dizia Brizola - pisado em outros tapetes, eu digo: me sinto em
casa. Sinto-me em casa, primeiro porque eu me considero uma vocação
parlamentar, e isso não é contar vantagem. Contar vantagem é declarar-se
vocação executiva. Eu sou um homem do Parlamento, da convivência, do diálogo,
da troca permanente, do respeito pelo outro, e estou convencido de que carreira
política - se é que merece o nome - se faz com um binômio absolutamente
inafastável: o apoio dos correligionários e o respeito dos adversários. A
contribuição que posso dar neste momento está dada: o meu nome está fora da
disputa. Eu não estou fora, porque sou, no mínimo, um trinta e seis avos desta
Casa, e nessa proporção quero seguir participando. Muito obrigado aos meus
colegas pela atenção. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela
Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA.
MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, são dois dias de intensa discussão nesta Casa, e,
com certeza, quero reafirmar aqui que Porto Alegre, no dia de ontem, já saiu
perdendo muito, porque, na medida em que se contempla apenas um lado, a Cidade
perde, porque Partido é parte. E eu sei, porque, durante 16 anos, nós
exercitamos com uma minoria aqui da Frente Popular e conseguimos dialogar, no
sentido de que, de certa forma, todos saíssem ganhando, porque cada um tem lá a
sua parte para atender aos segmentos que a gente respeita.
Eu fui informada, hoje
de manhã, que vou sofrer uma representação pelo Professor Garcia, que é uma das
lideranças do Governo da situação. Disse ontem que era um direito dele, e ele
diz que se sentiu moralmente ofendido. Portanto sofrerei dois processos: um
ético, internamente, e um cível, porque ele se sente ofendido moralmente.
Eu quero dizer,
Professor Garcia, e reafirmar que usei da tribuna e acho que me excedi, mas não
quero retirar o mérito das discussões que nós tivemos aqui, porque, quando a
gente pensa a Cidade, a gente tem de olhar um todo e analisar aquilo que a
gente aprova e aquilo que a gente deixa de aprovar. Então, esse é o mérito da
discussão política que nós tivemos, e, portanto, eu acho que é salutar.
Agora, desabono e
vergonha para esta Cidade eu acho que todos deveriam ter a mesma posição, e aí
sim, processar, inclusive, se fosse necessário, através do Ministério Público,
a questão das cozinhas, por exemplo, como nós vimos ontem, porque muita crítica
veio desse Governo que está na Prefeitura Municipal, que foi eleito por esta
população, de que em vários setores não havia nada. Agora está lá. Aliás, quero
elogiar o jornal Zero Hora por ter retratado ontem exatamente a realidade que
nós vivemos: as cozinhas empoeiradas, enquanto poderíamos prevenir uma parte
significativa, Vereadores e Vereadoras, da miséria que vive a sociedade, do
desemprego, da marginalização, da indústria de marginalização, e, dessa forma,
sim, a Prefeitura de Porto Alegre contribui para que a cidadania não seja
incluída, principalmente aqueles que mais precisam. As cozinhas estão lá, e as
pessoas estão necessitando, e a Prefeitura até agora não teve a
responsabilidade de colocar em prática.
Eu até acho que essas
energias todas que nós temos que disputar e enfrentar deveriam ser canalizadas para coisas
mais sérias. Mas vamos lá, a peleia é boa, e a vida é assim mesmo, nós temos de
compreender que nem sempre se tem a capacidade de ouvir e sentir, quando, de
fato, vamos para frente, recuamos, quando necessário, mas, também, quando temos
de fazer os enfrentamentos, o fazemos com tranqüilidade, com lealdade.
Eu sei que a Bancada do PT também se está
organizando, porque também se sentiu ofendida quando um Secretário esteve aqui
e ofendeu profundamente alguns Vereadores. Então, é da legalidade; a vida é
assim mesmo, Ver. João Antonio Dib, nós temos de enfrentar, mas nem por isso
deixamos de vir aqui colocar as nossas posições, porque aqui trabalhamos com
respeito e, sempre que for necessário rearticular e colocar as nossas posições
- quando excedidas -, não há problema.
Agora, nós não temos medo de continuar
fazendo os enfrentamentos necessários, que a nossa Cidade precisa, porque ela
precisa de gente como nós, porque aqui é a Casa do Povo, e nós temos de
denunciar, inclusive, as contradições. Muito obrigada, Sr. Presidente. Vamos
lá, porque a luta continua, e a luta é boa.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, eu queria voltar a falar sobre o tema dos quilombolas, da
família Silva, e que, desgraçadamente, é motivo, muitas vezes, de uma certa
projeção pessoal. E, hoje, no jornal Correio do Povo, tem uma foto colorida do
Vereador proponente sobre o assunto dos quilombos.
É evidente que é notícia; é evidente que eu
compreendo a situação, mas, muitas vezes, o debate ideológico nesta Casa pode
prejudicar - e inclusive alguns colegas vão votar contra o Projeto dos
Quilombos -, pela projeção na imprensa, a figura do Ver. Carlos Comassetto,
hoje, a cores, no jornal Correio do Povo. É natural, é notícia, é normal isso,
nós entendemos. Mas o que eu quero dizer é que não se deturpe o tema, quando
nós estamos voltando cento e tantos anos atrás, quando a sociedade está-se
dividindo em escravagistas e escravocratas! Nós estamos chorando pela volta de
José do Patrocínio para defender alguma coisa que independe de súmula
histórica, que independe da Justiça!
E, na minha opinião - e posso até estar errado
-, o Legislativo faz a Lei e, depois, ela é interpretada pela Justiça, porque,
quando nós pedimos a CPI da Saúde, o Judiciário, durante 11 meses, sentou em
cima do pedido! E, por um desserviço do Judiciário, a população de Porto Alegre
foi impedida de fazer, na origem, uma CPI da Saúde. E se nós começarmos a
esperar pelo Judiciário e, daqui a dez anos, por meio de fontes de recursos e
de outras habilidades, nós tivermos a notícia desagradável de que a família
Silva deixou de ocupar o Quilombo, nós vamos ver o quanto erramos e vamos nos
arrepender para sempre de não termos agora, neste momento, que, para mim, é
histórico, dito que nós vamos começar, sem demagogias, sem populismos
demagógicos, a resgatar, pelo menos, um pouco da auto-estima dos negros.
Noventa por cento deles está nas favelas.
Existe um pensador brasileiro, um psiquiatra
italiano naturalizado brasileiro, que escreve no jornal Folha de São Paulo,
chamado Contardo Calligaris. O Dr. Contardo Calligaris tem uma frase que
explica toda essa situação (Lê.): “Há, enraizada no inconsciente coletivo
brasileiro, uma profunda seqüela de toda uma história de escravismo no Brasil,
nas relações sociais atuais”. E esta é a questão maior: a nossa sociedade ainda
pensa - como diz Pierre Bourdieux - escravisticamente: que o negro ainda é
escravo, que o negro tem de estar nas favelas, que o negro tem de estar
excluído.
A aprovação do pedido, do apelo da família
Silva, dos quilombolas, não é jurídico, não é histórico; ele é uma metáfora, um
paradigma, um exemplo, um símbolo, um emblema de um resgate, de uma busca da
dignidade de uma etnia que sempre foi pisoteada pelo etnocentrismo do branco! E
isso é histórico, e isso está no inconsciente coletivo do povo brasileiro! Não
é uma culpa individual; é uma culpa coletiva! E essa culpa é a pior conselheira
que o povo inteiro pode ter! E isso tem de se traduzir, hoje, numa reação deste
Plenário, que tem de votar favoravelmente ao Projeto como uma resposta a um
poder que aniquila, a um poder que escraviza, a um poder que deixa o sentimento
de auto-estima “abaixo da sola do chinelo.”
É isso que nós estamos pedindo, é para isso que
nós estamos apelando a esta Casa, porque é daqui que pode sair não a solução
dos problemas sociais brasileiros - não! -, mas um norte, uma forma de reagir a
alguma coisa centenária, a alguma coisa que vem ocorrendo há alguns séculos.
Quem sabe esta Casa pode ser o ponto de partida para alguma coisa que não pode
ser apenas um engano, um engodo a uma etnia que espera muito de um povo que já
foi tão sacrificado?
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Sebenelo se referiu
ao assunto da família Silva. Eu acho muito importante buscar os seus direitos,
é uma coisa muito importante, mas esses seus direitos estão sendo contestados
em três ações judiciais; duas tramitam na Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul e uma no âmbito federal. E a Justiça não decidiu; estão em andamento três
ações.
Então, o que é que a Câmara está fazendo? Se vai
declarar a área como de Interesse Cultural, estará passando na frente da
Justiça, e podemos pagar por isso. Eu gostaria de sugerir ao Ver. Comassetto
que não se votasse agora, que se aguardasse a decisão judicial, para que a
Câmara não “pague mico” - desculpem o termo -, porque a questão é muito
difícil.
Nós temos aqui um laudo fornecido pelo ilustre
Sérgio da Costa Franco, que diz muito claramente, e eu vou ler, meu caro Nilo
Santos (Lê.): “Pelo levantamento contratado, em 1939, pelo Prefeito José
Loureiro da Silva e realizado, provavelmente, em 1941, pode-se ver a área do
pretenso quilombo sem qualquer habitação”. Não havia nenhuma habitação lá na
área, está escrito aqui! (Lê.): “...e situada num verdadeiro vazio
demográfico”. Está aqui a foto comprovando que não existia nada lá em 1941.
Depois, em 1956, foi feito outro levantamento
pelo então Prefeito Leonel Brizola, e havia uma construção e mais um galpão,
mais um anexo. Em 1956! Significa que os habitantes que alegam ser descendentes
dos quilombos só se estabeleceram lá, provavelmente, em 1956. Então, não há uma
descendência dos quilombos. Só em 1982, pelo Prefeito Alceu Collares, foi feito
outro levantamento, quando constataram a existência de quatro pequenas
construções. Os próprios descendentes da família Silva concordam - ao menos
está escrito aqui que (Lê.): “(...) seus ancestrais procedem dos Municípios de
São Francisco de Paula e Cachoeira do Sul (...)”. Portanto não procedem do
local onde estão instalados. Se houver direito, sim, que se desaproprie a área
e se pague os proprietários, mas que não se queria fazer justiça, como falou o
Ver. Sebenelo - realmente é fazer justiça - com o dinheiro e o patrimônio dos
outros! Isso está errado. Que se faça justiça, está bem, mas não com os
recursos e o patrimônio dos outros. Querer fazer justiça com recursos próprios,
então que se faça um fundo; aquele que quiser fazer justiça que contribua para
tal, mas não tire do patrimônio particular ou da sociedade - acho justo. Então,
quem tem para doar, que doe; ou que o setor público desaproprie a área. Mas
querer carimbar como um quilombo, deixe que a Justiça decida isso e não a
Câmara Municipal de Porto Alegre.
É como diz aqui (Lê.): “Significa dizer que, se
o Município de Porto Alegre, através da Câmara de Vereadores, aprovar esse
Projeto de Lei, estará usurpando a competência da União”.
Nós somos Vereadores de Porto Alegre e não temos
competência para legislar sobre isso. E a Declaração de Interesse Cultural é
objeto da Comissão do Plano Diretor, e, nesse caso, também estaremos
ultrapassando os poderes da Comissão do Plano Diretor que será instalada no
próximo exercício. Então, apelo ao Ver. Comassetto que ele adie essa votação
para esperar a decisão da Justiça.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Havendo quórum,
passamos à
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Requerimento): Sr. Presidente,
nós fizemos, no sentido de agilizar os trabalhos no dia de hoje, a seguinte
proposta de pauta, acordada com os Líderes: PLCE nº 010/05; PLL nº
182/05; PR nº 104/05; PLL nº 108/03; PLCL nº 041/05; PLL nº 140/05; PR nº
064/05.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Consultaria V.
Exª se, desta Presidência, não estava previsto um Projeto.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: O Projeto está
previsto para ser o primeiro do horário da tarde.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Da Mesa
Diretora também?
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Posso ver isso
para V. Exª e comunico-lhe, porque não está aqui na lista.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Certo. Agradeço
à Vereadora.
Votaremos o Requerimento da Verª Clênia
Maranhão, da ordem de discussão e votação dos Projetos nesta manhã.
Conforme questionei, acrescem-se Projetos que
estavam previstos e que ingressarão na Sessão de hoje à tarde: resíduos da
decisão de segunda-feira.
Em votação o Requerimento da Verª Clênia
Maranhão. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em votação Requerimento, de autoria da Verª
Clênia Maranhão, que solicita dispensa do envio à apreciação das Comissões das
Emendas nos 02, 03, 04 e 05, ao PLCE nº 010/05. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Apregôo a Emenda nº 03, de autoria do Ver. Raul Carrion e da Verª Manuela d’Ávila, ao PLL nº 030/05 (Lê.): “Dispõe sobre a organização e a integração dos serviços públicos de segurança municipal, por meio das áreas integradas de segurança pública - AISPs e dá outras providências.”
(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com
aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
N. 6539/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 010/05, que estabelece a utilização do IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) como indexador da Unidade Financeira Municipal
(UFM); altera e inclui dispositivos na Lei Complementar n. 07, de 07 de
dezembro de 1973, e alterações; revoga o art. 5º da Lei Complementar n. 212, de
29 de dezembro de 1998; os parágrafos
2º a 5º do art. 2º, da Lei Complementar n. 303, de 20 de dezembro de 1993; a
Lei Complementar n. 48, de 28 de dezembro de 1979 e o inciso IX do art. 1º da
LC 482, de 26 de dezembro de 2002, e dá outras providências. Com Mensagem
Retificativa. Com Emendas nos. 01 a 05.
Parecer Conjunto:
- da CCJ, CEFOR, CUTHAB, CEDECONDH. Relator Geral Ver. Paulo Odone: pela aprovação do Projeto e da Mensagem Retificativa, e pela rejeição da Emenda nº 01.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82, § 1º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia em 07-12-05.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em discussão o
PLCE nº 010/05. (Pausa.) O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, venceu a vontade do
povo; as entidades representativas se manifestaram, foi assim com a Federasul,
foi assim com Associação das Donas de Casa, foi assim também com a Secovi e
Agademi; foram assim as centenas de e-mails
que recebemos nós, Vereadores, aqui na Câmara Municipal; foram assim também os
debates em rádio e televisão; num deles, por exemplo, 60% das pessoas se
manifestavam contra a mudança do índice do IGP-M para o IPCA. No primeiro
debate público, que foi feito com o Secretário Busatto e com o Secretário
Cristiano Tatsch, eu havia feito a seguinte sugestão: se a questão fosse apenas
de mudança do IGP-M para o IPCA, já que se defendia que não haveria um aumento,
porque, ao longo do tempo, e talvez no ano que vem, o IGP-M e o IPCA se
equivaleriam, eu sugeri, então, que o Governo aceitasse uma Emenda minha de um
redutor, uma cláusula de barreira da diferença de mais ou menos 3,5%. No
momento, houve mutismo; também é verdade, não houve aceitação; também é verdade
que não houve negativa total e absoluta. Hoje nós estamos aqui para festejar a
primeira vitória, a vitória da pressão popular.
Esta Cidade sempre foi uma Cidade de
mobilização. Eu me lembro da luta contra a carestia; eu me lembro dos
“panelaços”; eu me lembro da greve da construção civil, em 1979, que tinham
péssimas condições de trabalho e salários aviltantes. É verdade que isso nos
custou alguns dias de cadeia na Polícia Federal, mas, na luta, Verª Margarete
Moraes, eu lembro muito bem de lhe ter encontrado na primeira assembléia do
CPERS, no Caixeiros Viajantes, depois do regime militar. Eu era, como a
senhora, Vereadora, um jovem professor, e fui daqueles que fiz a primeira
proposição de greve. Sim, eu também já fiz proposições de greve, e acho que,
quando a luta vale a pena, os meios lícitos, os meios respeitosos, Ver. Nedel,
devem ser todos utilizados para o bem do povo, para o bem da Cidade, do Estado
e da Nação. É assim que eu penso, é assim que eu ajo. Por isso é que, desde a
primeira hora, eu me opus, como minha Bancada fez, como a Bancada do PSB, do
PCdoB fizeram também, e vários outros Vereadores que se pronunciaram
publicamente fizeram. Lembro de alguns aqui que inclusive manifestaram
publicamente, Ver. Luiz Braz, a sua divergência com relação a essa posição.
O que eu lastimo é que essa vitória vem com
certo gosto amargo; amargo porque nós vamos, sim, ter a condição de não pagar
3,5% a mais em toda a Planta de Valores, não é só o meu caso pessoal, até
porque eu pagarei o meu IPTU até o dia dois de janeiro, como sempre faço,
porque posso e tenho obrigação, como cidadão, de ajudar a minha Cidade, mas
muitas pessoas não podem, não têm as minhas condições, e eu lastimam que já
tenham tomado a medida de fazer com que todos os novos contratos estejam
indexados pelo IPCA; pelo menos dizem que são os novos - eu, em princípio,
acredito -, mas eu gosto de ver as coisas, fazer o teste de São Tomé. Portanto
nós estamos gastando mais, pagando mais. Tem gente festejando, porque vai
colocar mais dinheiro no bolso. A Prefeitura gastará mais e terá menos dinheiro
para aplicar nos projetos sociais de Porto Alegre.
Portanto, a minha festa é uma festa relativa,
mas, sem dúvida nenhuma, o povo também precisa de uns prazos a mais, mas nós
trataremos isso numa outra intervenção. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra
para discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. JOSÉ
ISMAEL HEINEN: Exmo. Sr. Presidente da Casa, mui digno Ver. Elói Guimarães,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, nesta discussão, eu faço questão
de voltar ao tema, porque houve um pronunciamento meu a respeito desse tema há
dias.
Quero iniciar dizendo que o Prefeito Fogaça,
perante o conceito desta pessoa humilde, cresceu mais ainda do que havia
crescido até então. Numa reunião, ontem, em um consenso com os Vereadores que
apóiam a governabilidade do Município, foi reestudada a cobrança do IPTU da
cidade de Porto Alegre. Combatia-se, até então, o índice do IPCA pelas
oposições ao Governo e por alguns Vereadores também tidos pela Governança, e eu
afirmava que, talvez, em pouco tempo, o IPCA seria menor do que o IGP-M.
O Prefeito Fogaça, na sua meta, confidenciou-me
não ser um mero aumentador de impostos para sanear a combalida situação
financeira do nosso Município, resolveu - e, a meu ver, não haveria essa
necessidade de dignificar mais a sua posição - mantendo o índice do IGP-M, que,
na verdade, no fundo, para aqueles que vão parcelar o imposto, é simplesmente
mantido o índice do IGP-M. E afirma ainda que ele não abre mão do IPCA durante
todo o seu Governo, quatro anos de sua administração. E eu tenho certeza de que
o IGP-M voltará a ser maior do que o IPCA em pouco tempo, sob pena de o País
ter uma quebradeira e um desemprego em massa, principalmente as indústrias que
dependem das exportações das suas mercadorias.
Louvo, portanto, essa atitude conjunta dos
Vereadores da Governança, dos Secretários e do Prefeito, de fazer, do meu ponto
de vista, uma redução de impostos.
Há pouco, aqui, eu ouvi a manifestação do nobre
Ver. Adeli Sell, preocupado que alguém estaria recebendo mais porque iria
receber pelo IPCA. Eu lhe pergunto, respondendo: e no passado, não receberam
mais quando o índice do IGP-M era bem superior ao do IPCA? Quer dizer, não vale
essa indagação, nobre colega, porque daí também haveria gente recebendo mais,
porque a Bancada também, naquela época, poderia optar pelo índice menor, que
era o IPCA. Então, louvo a postura do Prefeito. Ele conta, como até hoje
contou, com o meu apoio.
O Sr. Ervino
Besson: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ismael, saúdo V. Exª pelo
pronunciamento e faço minhas as suas palavras. Sem dúvida nenhuma, Vereador, o
ato de grandeza do Prefeito, ontem, ficou marcado, acredito que para todos os
Vereadores da base de apoio do seu Governo.
Quando alguns segmentos da Cidade se levantaram
contra a mudança de índice, alguns Vereadores colocaram isso para o Prefeito,
e, prontamente, ontem, ele reuniu a base do Governo e ficou acertado na linha
que V. Exª está colocando. Portanto acho que foi uma vitória nossa, do Governo
e da cidade de Porto Alegre. Sou grato a Vossa Excelência.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: E,
principalmente, nobre Ver. Ervino, que ele faz questão de manter o IPCA
futuramente. Nós vamos ver, com certeza, está gravado que será menor que o
IGP-M.
O Sr. Ervino Besson: Sem dúvida
nenhuma, no próximo ano, o IGP-M vai se igualar ou superar o IPCA.
O SR. JOSÉ ISAMEL HEINEN: Nunca queria
colocar isso aqui - finalizando, Sr. Presidente - que este Vereador apóia o
Governo Fogaça, estritamente por uma questão de ética. Este Vereador não tem um
cargo de confiança da Administração. Apóio, porque apostei na política do Sr.
Prefeito, apostei na alternância do Poder pelo bem da democracia da nossa
Cidade, para que as críticas, as autocríticas, os pontos, os contrapontos sejam
colocados de modos adversos para chegarmos sempre a um denominador comum e
favorecer a nossa Cidade.
Portanto, não querendo me estender neste mérito
inicial, quero prestar os meus agradecimentos à grandeza de postura do Prefeito
e da base aliada.
Eu acredito que a população entenderá; o Fogaça
vai recuperar a Cidade sem aumento de impostos, abdicando do direito da
correção de índices, através, é claro, da otimização da sua Administração.
O IGP-M hoje está
baixo, porque temos uma política de juros escorchantes no País, em que os
dólares do mundo estão vindo buscar os juros dos brasileiros. É por isso que
nós temos esse dólar desvalorizado, quebrando as nossas empresas. Se nós
diminuirmos os nossos juros, diminuirmos a “gastança” do Governo Federal, com
certeza, nós teremos um índice menor do IGP-M e também do IPCA. Caso contrário,
voltará a crescer o IGP-M acima do IPCA.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Respeitosamente, eu só queria dizer a V.
Exª que haverá também uma “gastança” aqui, porque o índice do pagamento de
obras passou de IGP-M para IPCA. Então, pode haver “gastança” em outros
Governos, mas aqui também haverá “gastança”. Com todo o respeito a V. Exª, que
é um liberal, aberto, sincero nas suas posições.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Obrigado, nobre
Vereador, mas eu acredito, do meu enfoque macroeconômico, que a troca do IPCA
vai fazer com que nós façamos uma redução de gastos e arrecadações tributárias
que tanto mal fazem à nossa sociedade. Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra para discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente,
Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, venho a esta
tribuna para dizer que estou retirando a Emenda de minha autoria, que dizia, em
outras palavras, que concordava e concordo que haja a unificação de um índice
para reajuste tanto daquilo que compete ao Executivo pagar como daquilo que
compete ao Executivo receber, ou seja, o índice que reajusta os contratos e o
índice que reajusta os tributos e taxas. Acho que a unificação se justifica,
não há como receber por um índice e pagar por outro.
A nossa Emenda dizia que o reajuste do IGP-M
deveria ser aplicado ainda para o próximo reajuste do IPTU, primeiro, porque,
sem precisar fazer muita argumentação, o IPTU desta Cidade está elevadíssimo, e
isso se justifica pelos índices que o IGP-M sofreu ou apresentou durante os
últimos anos, fazendo com que o IPTU ficasse no valor em que está hoje.
Não seria justo com a sociedade, no ano em que o
IGP-M está abaixo do IPCA, trocar o índice.
Nós entendíamos e entendemos que, se houvesse
esse procedimento, estaríamos aumentando impostos, estaríamos, sim, fugindo do
discurso de campanha e do discurso particular deste Vereador também.
A nossa Emenda, num primeiro momento, foi
vencida, não foi entendida, o que, evidentemente, na oportunidade, lamentamos
profundamente, porque tenho dito que, antes dos compromissos partidários, antes
do compromisso de se fazer parte da base do Governo, nós, políticos, temos de
ter compromisso com o nosso discurso; nada se sobrepõe ao nosso discurso, nada
pode se sobrepor àquilo que falamos durante uma campanha política. Esse é o
caminho para resgatarmos a credibilidade junto à sociedade.
E nessa linha permanecerei, se o nosso grande
Criador permitir que aqui eu possa vir muitas vezes para defender os interesses
da sociedade de Porto Alegre.
Vencida a nossa Emenda, tínhamos a posição muito
firme de votar contra.
Nesse ínterim, o Executivo, através do seu
Prefeito, reuniu a base do Governo e entendeu, em outras palavras, e está
dizendo em documento apresentado, que é basicamente o que nós estávamos
propondo, que o reajuste do IPTU, no ano de 2006, não será maior que o reajuste
que sofrerá ou terá o IGP-M, ou seja, pelo que me consta, 1,96%.
Nesse sentido, vamos votar favoravelmente e
queremos cumprimentar o Executivo, queremos cumprimentar a base do Governo.
Quero aproveitar os minutos que nos restam para
dizer que o Vereador pode discordar inclusive da sua base - nós somos, no PMDB,
quatro Vereadores, e estávamos um tanto divididos, e isso não é pecado. E o
Executivo, se seguir assim, vai construir Porto Alegre, vai construir a sua
proposta como fez durante a sua campanha. Nós não podemos, um grupo, dizer sim,
sim, sim. Eu acho que é do debate que se constrói, Ver. Dr. Goulart, mesmo na
base do Governo, as boas políticas. Eu fico muito agradecido com isso.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra para discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, estamos tratando, aqui, da utilização do Índice de Preços ao Consumidor
Amplo como novo indexador da Unidade Financeira Municipal, a UFM. Nós não
estamos reajustando o IPTU; nós estamos indexando a Unidade Financeira
Municipal, que indexa todos os impostos e contribuições.
A nova Administração Municipal recebeu a Prefeitura
com um déficit financeiro; já houve déficit no ano passado. Este ano deveremos
manter um déficit ainda, e esperávamos zerar os déficits em 2006. O novo
Governo optou pelo IPCA e indexou o Plano Plurianual; são quatro anos, indexou
a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o próprio Orçamento, tudo pelo IPCA.
O que o Governo quer fazer? Quer igualar as
moedas. Ele não pode ter a Despesa indexada em um indexador e a Receita em
outro. Se houver isso, haverá uma discrepância, haverá um lucro ou um prejuízo;
no caso da Prefeitura, estava ocorrendo um prejuízo, um déficit. O Prefeito,
sabedor disso, quis igualar as moedas: a Despesa indexada, e a Receita, pelo
mesmo indexador. Não se tratava de aumento de imposto numa variação na
correção. Mas o Prefeito, entendendo que a carga tributária já está elevada,
propôs à base da Bancada da situação, ontem, ao meio-dia, que, para que a
população não tivesse esse impacto, dar um desconto relativo à diferença dos
dois índices para o próximo ano, somente para 2006.
Portanto, o Prefeito está abrindo mão, no meu
entendimento, de aproximadamente oito milhões de reais.
E recordo ao Sr. Prefeito e aos seus
administradores que eles deverão tirar esses oito milhões de algum lugar,
porque eles vão pagar o funcionalismo, vão indexar todas as despesas pelo IPCA
e irão receber em IGP-M 3% a menos. Ora, 3%, no meu entendimento, dá um déficit
de oito milhões de reais/ano, que deve ser tirado de algum lugar. Eu sugiro ao
Sr. Prefeito que compacte, que reduza despesas, que compacte Secretarias até,
senão nós vamos tirar esses 8 milhões dos serviços sociais, da Saúde, da
Educação, de outros investimentos importantes para a nossa Capital. É louvável
a posição do Prefeito José Fogaça de abrir mão desses oito milhões em favor da
sociedade, mas, se não houver redução de despesas, essa mesma sociedade vai
pagar de outra forma, e isso estou alertando antes. Nós temos de tomar medidas
saneadoras para recuperar o déficit que será gerado com esse desconto.
Cumprimento o Sr. Prefeito por essa disposição
do seu Governo, mas alerto, muito claramente - atuo na área financeira -, que
ele tem de cuidar das finanças, não atrasar pagamentos a fornecedores e muito
menos retirar recursos da Saúde, da Educação e da Assistência Social. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para
discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. ALDACIR
OLIBONI: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
público que acompanha a Sessão no dia de hoje, nossos telespectadores do Canal
16, a comunidade de Porto Alegre está muito apreensiva, porque há uma impressão
de que a Câmara de Vereadores, no final de cada ano, vota mais tributos, vota
reajustes, vota taxas, e quem paga é a população. Se nós observarmos o que está
sendo proposto pelo Governo Municipal, veremos que se trata, sem dúvida
nenhuma, de mais um tarifaço, porque ele envolve os quatro anos. Não é por que
o Governo está dando isenção de um ano que nós devemos esquecer que a gestão
Fogaça é para os quatro anos. E, se nós observarmos que os índices do IGP-M e o
INPC variam muito, de acordo com a oscilação do dólar, nós podemos verificar
que o dólar está numa queda e poderá cair muito mais, dependendo da
estabilidade da economia. Portanto, o IPCA pode aumentar, e o IGP-M deve
diminuir.
Então, essa idéia de compensação, de o Governo
estar dizendo que a maioria dos contratos ou que a maioria dos pagamentos para
os seus fornecedores é pelo IPCA é porque o Governo já adotou a forma do IPCA,
procura adotar isso em todos os contratos já efetuados e futuros contratos e
acaba tentando fazer acordo com os servidores, também utilizando o IPCA. E a
população, qual é o índice de reajuste que ela tem? Os aposentados? Os
trabalhadores, de uma forma geral? Tiveram esse reajuste que, no mínimo, ficará
em 5,5%? Não, muitos sequer tiveram reajustes. Então, quem paga, de novo, é a
população.
É muito difícil nós concordarmos com esta
posição do Governo, de que vai, logo ali adiante, ser compensado pelo desconto
que será dado. Se nós observarmos, os descontos que a Administração anterior,
ou nossa Administração, vinha dando, os 20%, estavam sendo dados até fevereiro,
e esta proposta, trazida por uma Emenda agora apresentada, traz, até janeiro,
os 20%, e, na medida em que o tempo passa, em fevereiro baixa para 10%; em
março para 5%. Isso não é compensatório! O compensatório seria se o índice
permanecesse não só pelo reajuste do IGP-M ou oscilação do dólar, como a
tendência é menor, do que tivesse a possibilidade de aumentar pelo INPC.
Então, eu queria aqui referendar que é muito
preocupante, sim, porque quem vai pagar a conta é a população.
Daqui a pouco, a nossa Liderança vai falar sobre
a questão dos quatro anos. Ora, os quatro anos são, sim, muito preocupantes,
porque os índices do IPCA poderão aumentar. É nesse sentido que nós estamos nos
posicionando contrários ao reajuste do IPTU.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela d’Ávila está com a palavra para
discutir o PLCE n° 010/05.
A SRA. MANUELA
D’ÁVILA: Sr.
Presidente. Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Adeli dizia
que é uma vitória da população de Porto Alegre o recuo tático que o Governo
Municipal dá. Eu acho que é uma vitória, sim, da população de Porto Alegre, que
cobrou coerência deste Governo, que já mostrou ser incoerente em muitas das
suas decisões e das suas atitudes! É um recuo tático, portanto, do Governo. É o
velho “um passo atrás” para tentar dar dois passos à frente, porque, se esse
assunto é um assunto de 2007 - só vai valer, de fato, a partir de 2007 -, nós
poderíamos, tranqüilamente, estar tratando da troca de índice em 2006, e não a
toque de caixa, na base da patrola como foi feito pelo Governo Municipal ao
pedir a urgência, Ver. João Carlos Nedel, ao tratar de maneira arbitrária e
trazer de maneira arbitrária esse tema aqui para a Casa.
Nós sabemos que há uma tendência muito grande de
o IGP-M baixar no ano que vem, porque o dólar segue caindo.
Nós sabemos também que o
acordo com o funcionalismo municipal foi feito na base do IPCA, porque foi
utilizado o argumento, para esse funcionalismo que não reivindicava o IPCA, de
que o IPTU já estaria atrelado ao IPCA. Nós também sabemos que os contribuintes
já pagaram muito quando o IGP-M era maior que o IPCA e que, portanto, no
momento em que esse índice flutua favoravelmente aos contribuintes, a
Prefeitura faz uma opção política de trocar o índice para arrecadar mais.
Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
quero dizer que não faço coro ao discurso baixo de que simplesmente temos de
ser contra os impostos; eu acredito que o Estado tem de retribuir aos cidadãos
pelos seus impostos, e este é o grande debate que nós temos que fazer: o
aumento de imposto serve para quê? Para quem serve o aumento de imposto que a
Prefeitura Municipal segue propondo? Porque isso não se dará em 2006, mas se
dará, provavelmente, em 2007. Para quem serve esse aumento de imposto, se a
bimestralidade dos funcionários públicos municipais já foi cortada, se nós
votamos ontem um Orçamento que não teve contemplada nenhuma Emenda que previa
mais investimentos sociais, Ver. João Antonio Dib? Nós não votamos as Emendas
que previam as habitações populares; nós não votamos as Emendas que previam
investimento público para a Cultura; nós votamos sequer a Emenda que previa um
pouco menos de verba para publicidade e um pouco mais de verba para as nossas
garotas não ficarem grávidas! Nós não votamos, Verª Margarete Moraes, nem a
Emenda que previa recursos para a luta contra a exploração sexual das nossas
crianças, das nossas jovens, das nossas mulheres! Sequer isso nós votamos!
Então, o aumento de imposto vai para quem? Essa
é a pergunta que a população de Porto Alegre tem que se fazer! Se não volta
para essa população, por meio dos postos de saúde 24 horas abertos - uma Emenda
que também não foi aprovada no Orçamento -, se não volta para a população
através de creches comunitárias, porque isso também não estava previsto no
Orçamento que votamos ontem; se não volta para a população através de reajuste
para o funcionalismo, vai para quem a previsão de aumento de imposto que a
Prefeitura propõe?
Vai, Ver. João Antonio Dib, para os novos CCs,
pois, quando eles foram criados, havia o argumento de que não aumentavam custo,
porque a Prefeitura, naquele momento, teve a picardia de ignorar os
vales-refeição e os vales-alimentação; vai, quem sabe, para pagar as FGs que
querem aprovar, agora à tarde, os funcionários federais e estaduais cedidos
para a Prefeitura! É para isso que se prevê o aumento de impostos em Porto
Alegre, e é por isso que a nossa Bancada, mesmo se reconhecendo vitoriosa por
ter conseguido também, junto com outras Bancadas desta Casa, Ver. Luiz Braz,
fazer com que o Governo recuasse, agora continua afirmando: esse recuo é o
velho, famoso e conhecido “um passo atrás” para dar dois passos à frente e
“passar a perna” na população de Porto Alegre, que vai ver, sim, o aumento de
imposto se consolidar, porque há uma tendência forte de o IGP-M cair. A nossa
população não pode pagar o índice que convém, quando o índice que pagou há anos
é reduzido; a nossa população merece respeito não só em recuos pontuais, merece
respeito, porque o investimento desta Cidade, o dinheiro que esta Cidade
arrecada deve voltar para essa população, e não é isso que estamos vendo com
este Governo Municipal que não aceita Emendas, que não trabalha com um
Orçamento que inclua socialmente a população de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. LUIZ
BRAZ: Vereador-Presidente,
Elói Guimarães, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e
senhores, se há alguém que não pode criticar a alta de impostos e a criação de
novos impostos são aqueles que pertenciam aos Partidos que estiveram governando
Porto Alegre nos últimos 16 anos. Só para uma lembrança, Ver. João Dib, o ITBI,
por exemplo, aqui em Porto Alegre, tem uma das tarifas mais altas que podem ser
praticadas em todo o território brasileiro, que é de 3%, instituída justamente
no período petista.
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre
Ver. Luiz Braz, V. Exª está dizendo que está sendo aplicada uma das alíquotas
mais altas, mas é bom que relembremos que o PT, na oportunidade, chegou a
propor alíquotas de 6%.
O SR. LUIZ
BRAZ:
É verdade! É verdade! Olhe, e aí nós vamos para o ISSQN, e V. Exª sabe que,
durante muito tempo, praticamente se aplicou para todas as atividades a
alíquota máxima possível em todo o Território brasileiro, de 5%. Agora, durante
os últimos tempos, nós conseguimos uma redução por meio de uma Emenda, em 1982,
que beneficiou os representantes comerciais; depois, outras categorias também
conseguiram redução do ISSQN, mas sabemos que o Governo passado foi um governo
que utilizou muito a alta de impostos e a criação de novos tributos para poder,
realmente, gastar com propaganda, porque, praticamente, tudo aquilo que se
recebia em matéria de acréscimos dentro da Receita se gastava com propaganda
para se divulgar que o Orçamento Participativo era maravilhoso, que era uma
coisa espetacular, algo que nos deixou, Ver. João Dib, com um crescimento
correspondente à metade daquele que ocorreu na Região Metropolitana. Enquanto
as outras regiões cresciam 36%, nós crescíamos apenas 18% no período; estávamos
em 9% lugar, enquanto se anunciava aqui que nós tínhamos a melhor qualidade de
vida, mas nós, na verdade, estávamos em 9% lugar em matéria de qualidade de
vida entre as grandes capitais.
Mas devo dizer, Ver. Sebenelo e Verª Maristela
Meneghetti - nós temos conversado muito a respeito dessa possibilidade de
mudança de índices -, que o que faz com que nós nos posicionemos contrários à
mudança de índice não é, na verdade, nenhum tarifaço, conforme foi dito aqui,
porque, afinal de contas, isso iria refletir 3% numa parcela daquelas pessoas
que pagam impostos no ano que vem. Não é esse tal de “tarifaço”. Não existe
tarifaço! Tarifaço foi aquilo que foi aplicado nos últimos 16 anos, muitas
coisas que foram aplicadas aí.
Mas, exatamente, eu acredito que este não é o
momento de se fazer essa mudança de índices. Se nós vamos ter - e eu acredito
que vamos ter - uma reação do dólar, se o dólar vai subir - e com isso ele vai
afetar, é claro, todos os índices internacionais, e nós vamos ter, então, com
tudo isso, um IGP-M maior -, por que não esperar para o ano que vem, quando
todo mundo está esperando essa reação do IGP-M, para se propor qualquer tipo de
mudança de índice? Não é o momento de se fazer essa proposição.
Pertencemos à base do Governo, temos votado
todas as matérias aqui com o Governo, mas só que eu não voto naquilo que não
tenho convicção. Eu acredito que nós não deveríamos ter indexado todos os
contratos do Governo pelo IPCA. Não era o momento também de fazer essa indexação
de todos os contratos do Governo.
Então, muito embora eu seja da base do Governo,
tenho a hombridade e tenho, na verdade, a honradez de chegar aqui na tribuna e
dizer que não concordo com o Governo nessa parte, porque, afinal de contas, eu
fui eleito aqui para defender a população ou, pelo menos, uma parcela da
população que me trouxe para cá. Eu não vim aqui para defender o Governo
naquilo que o Governo tem. Este momento em que nós chegamos, momento de mudança
de índice para a cobrança de impostos, tem que ser levado em consideração, Ver.
João Dib - e sei que V. Exª é um homem muito inteligente e tem me servido de
exemplo muitas vezes -, eu sei que V. Exª não pensa dessa forma. Mas a relação
que realmente deve respaldar essa nossa decisão é aquela relação entre aquilo
que o Governo vai arrecadar e aquilo que a população tem condições de pagar.
A população está exaurida com relação à sua
capacidade de pagar.
Ora, Ver. Ibsen Pinheiro, V. Exª, que já foi
Presidente da nossa Câmara Federal e Presidente do País, nós sabemos que a
nossa Constituição veda a possibilidade de aumentarmos impostos mais do que a
capacidade que as pessoas têm para pagar esses impostos! Está lá escrito na
Constituição. Ora, se isso é verdade e se as pessoas dizem, Vereador-Presidente,
Elói Guimarães, que a população está exaurida em sua capacidade, eu acho que
este não seria o momento mais lógico para nós oferecermos mudanças de índice.
Portanto, com relação àquela conclusão, aquela
decisão que nós havíamos anunciado anteriormente, de votarmos contra qualquer
tipo de mudança de índice, nós continuamos anunciando agora: vamos continuar
contra o Projeto, porque acreditamos que este não seria, no nosso modo de
pensar, o momento ideal para se mudar de índice, porque, afinal de contas,
poderíamos esperar para o ano que vem. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para
discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. ELIAS
VIDAL: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
eu venho a esta tribuna, pela Bancada do PPS, em primeiro lugar, para
parabenizar o Prefeito e toda a base aliada, bem como quero deixar aqui o meu
registro de que essa vitória não é de uma só pessoa. E eu digo isso, porque
muitos vêm aqui intitulando-se os “pais da criança”, como se fossem os
guardiões, as únicas pessoas, as únicas Bancadas responsáveis por essa vitória.
Isso é imoral, é oportunismo! É vir, aqui, na tribuna, e pegar carona! Não
podem fazer isso, não! Têm de ser responsáveis com o munícipe, com o cidadão!
Querer fazer palanque eleitoral aqui em cima, pegar carona, é imoral! Isso não
funciona! Isso não é bom! Não é de bom tom! É preciso vir aqui com
responsabilidade! Esse assunto foi discutido com o Prefeito, ontem, com toda a
base aliada. Os Vereadores sensíveis a essa causa reuniram-se com o Prefeito -
eu estava reunido com o Prefeito assim como a minha Bancada, todas as Bancadas
aliadas, todos os Vereadores estavam lá, e houve muita boa-vontade por parte do
Prefeito, dos Vereadores, e das Bancadas. O que não é moral, o que não é justo
é um Vereador vir aqui e se intitular “pai da criança.” Então: “Se a criança é
boa e bonita, eu sou o pai; se ela é feia, eu quero distância.” Quer dizer,
usam dois pesos e duas medidas: quando convém, têm uma posição; quando não
convém, têm outra postura! Vamos ser mais responsáveis, vamos vir a esta
tribuna com responsabilidade!
O Prefeito Fogaça foi sensível, ele chegou a um
entendimento, juntamente com a Bancada da situação - todos os Vereadores
estiveram lá, sem exceção.
Então, Srs. Vereadores, vamos ser mais
responsáveis! Vamos vir a esta tribuna com responsabilidade! Vamos deixar de
fazer, aqui, o discurso barato, rasteiro! Convenhamos! Vamos ser mais
responsáveis nesta tribuna e com o povo, que paga o nosso salário! Não é
possível usar de oportunismo, fazer um discurso barato, rasteiro, chegar aqui e
se intitular “o pai da criança”!
O Sr. Raul
Carrion: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
O SR. ELIAS
VIDAL:
Eu preciso usar o meu tempo, Vereador. Por favor.
O Sr. Raul
Carrion: Está
bem. Eu agradeço.
O SR. ELIAS
VIDAL:
Então, eu quero pedir mais coerência aos Vereadores da oposição que vêm aqui se
intitular “os pais da criança”.
Onde nós estamos, senhores? Que falta de
respeito, que falta de consideração, que falta de discernimento político vir a
esta tribuna se intitular “pai da criança”! Onde nós estamos? Venham aqui com
responsabilidade; todos nós, os Vereadores da situação, sentamos com o
Prefeito, discutimos com o Prefeito; o Prefeito cedeu, o Prefeito teve
boa-vontade, teve sensibilidade, os Vereadores tiveram sensibilidade! Agora, se
colocar como “pai da criança”! Ah, por favor! Vamos ser mais responsáveis com
esta tribuna, com o povo; se utilizando, se aproveitando, pegando carona! O
cavalo encilhado passa, e sobem no cavalo! Quando o cavalo não lhes convém, não
sobem! Ah, pára um pouquinho, vamos ser mais coerentes! Venho a esta tribuna
para pedir mais responsabilidade para com o povo! Vêm se aproveitar aqui de uma
situação, para dizer: “Nós somos os guardiões da boa-vontade”? Quando os
senhores governaram este Município, não agiram muito bem nas finanças! Ou vocês
querem que eu fale mais um pouco sobre a irresponsabilidade de V. Exas. quando
governaram este Município? Vamos olhar o caso do Jardim Leopoldina! São tão
responsáveis, estão tão preocupados! Sabem o que aconteceu no Leopoldina, não
é, senhores? Uma conta, que não era do Município, de 13 milhões de reais,
passaram para o Município, e mudaram o índice do CUB, que era de 0,6% e
passaram para 1,2%, e a conta já foi para quase 30 milhões! E mais um pouco;
foi para 50 milhões! E com isso vocês não se preocuparam. E vocês governavam
este Município! Então, por favor, venham aqui com responsabilidade! Quando falarem
em finanças, olhem lá o caso do Leopoldina, só o Leopoldina, sem precisar falar
nos outros casos! Por favor!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino
Besson está com a palavra para discutir o PLCE nº 010/05.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos
acompanham nas galerias e pelo Canal 16, TVCâmara, eu queria saudar todos.
Primeiramente, sem dúvida nenhuma, eu acho que essa vitória que houve, essa
mudança, essa avaliação do nosso Prefeito Municipal a respeito da mudança de
índice de cobrança do IPTU foi uma vitória de toda a base aliada do Governo.
Como já foi dito aqui desta tribuna, os
Vereadores receberam apelos de segmentos da nossa Cidade - acho que todos os
Vereadores receberam -, cito como exemplo, divido essas informações que temos
recebido do segmento imobiliário, do Sr. Heitor Borela, do Sindilojas; do Sr.
Silvino Marcon, representante dos pequenos e médios empresários, principalmente
do bairro Petrópolis, da nossa querida Porto Alegre.
Então, foi um conjunto de informações e apelos
que nós recebemos da base aliada do Governo, e nós levamos isso ao conhecimento
do Prefeito, e o Prefeito, com muita competência, sentou, ontem, como foi dito,
com a base do Governo, e foi resolvido esse problema. O Prefeito foi muito
claro: ele usará, durante o seu período de quatro anos de mandato, o índice do
IPCA.
E nós sabemos, acho que ninguém aqui é ingênuo,
e as pessoas também que nos assistem pelo Canal 16, que o IGPM hoje está muito
mais baixo que o IPCA por causa do dólar. Mas isso vai continuar, sem dúvida
nenhuma, até o ano que vem ou metade do ano, e depois vai mudar. E, talvez,
nesse período de três anos que restam para a administração do Prefeito, o IGPM
será superior ao IPCA.
Então, nós temos de ter tranqüilidade e falar
desta tribuna com clareza. E eu quero destacar uma coisa: ontem nós tivemos uma
dúvida; eram 21 horas, meu caro Presidente, eu estava no Gabinete do Ver.
Bernardino Vendruscolo, ligamos para o Sr. Tatsch, Secretário da Fazenda, para
clarear algumas dúvidas, e ele prontamente atendeu ao telefone e nos esclareceu
uma dúvida que nós tínhamos. Isso é competência, isso é sinal de grandeza.
Coerência? Acho que o Governo tem que ter coerência.
E o Ver. Oliboni falou, de novo, da
bimestralidade. Mas, Ver. Oliboni, quem parou de pagar a bimestralidade foi o
PT, não foi o atual Governo. Há quanto tempo, faz mais de ano, que o Governo
passado não pagava a bimestralidade. Então, vamos colocar aqui com clareza e
com coerência; não vamos culpar o Governo Fogaça, que recém está encerrando o
primeiro ano de governo, e parece que toda a culpa do que está acontecendo é do
Governo Fogaça. Não! Herdou! O Governo Fogaça herdou muitos problemas da
Administração passada.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Tentando dialogar com V. Exª, Ver.
Ervino Besson, quero dizer que, evidentemente, nenhuma administração deixa de
entregar heranças. Nós não fomos perfeitos, estivemos 16 anos no Governo,
deixamos uma dívida - não é o que está sendo expresso, mas deixamos. Agora, V.
Exª não anotou que já houve uma posição de Governo de mudar o índice para as
obras. Então, V. Exas estão gastando, dando de lambuja 3,5% sobre
todas as obras para os empresários que vão ganhar isso, e quem vai pagar é o
povo de Porto Alegre. Isso V. Exª não anotou.
Critique o que nós fizemos de errado, mas assuma
também aquilo que os senhores estão fazendo equivocadamente, e eu chamei a
atenção desde a primeira hora. Eu não faço crítica pela crítica; eu tento
colaborar. Prefiro que os senhores, Administração Pública, não errem.
O SR. ERVINO BESSON: Ver. Adeli
Sell, são opiniões de V. Exª. Eu já não concordo com as suas colocações,
Vereador. Acho que o Governo Fogaça tem uma linha. Eu gosto muito do Ver. João
Antonio Dib, porque ele, com muita clareza, disse várias vezes nesta tribuna:
administrador competente é aquele que tem competência de administrar com poucos
recursos. Isso se chama competência do administrador.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino
Besson está com a palavra para discutir o PLCE nº 010/05, por cedência de tempo
do Ver. Dr. Goulart.
O SR. ERVINO BESSON: Agradeço ao meu
querido colega, Líder de Bancada, Ver. Dr. Goulart, pela cedência de tempo.
O Sr. Elias Vidal: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ervino Besson, é importante a gente
também ressaltar um fato que os jornais desta semana noticiaram de uma forma
muito triste, muito pesarosa para todos nós, gaúchos: o fechamento de diversas
empresas. E os grandes jornais de circulação do Estado falaram sobre 40
empresas que fecharam as suas fábricas aqui no Rio Grande do Sul. Então, a
sociedade precisa do esclarecimento de que essas empresas trabalhavam com base
no IGP-M.
O SR. ERVINO BESSON: Perfeitamente,
Vereador.
O Sr. Elias Vidal: E se empresas,
Ver. Ervino Besson, que são privadas, que estão preocupadas com a qualidade,
mas também com o lucro, fecharam, V. Exª imagina uma Prefeitura, que não está
para lucrar, está para administrar, muito mais cuidado ela tem de ter, porque
esta Administração já começou com um déficit de em torno de 190 milhões de
reais, mais de 600 obras não-concluídas - o que equivale a 190 milhões de
reais, mais a dívida. Agora V. Exª imagina se nós seguirmos a mesma rota das
empresas que já fecharam!
Então, acho que os Vereadores da oposição devem
ter coerência, porque, depois que quebrar a Prefeitura, que ela rachar, que ela
se estatelar financeiramente, ou de sucatear mais do que já foi entregue
sucateada para a atual Administração, será pior, o povo vai pagar um
preço mais elevado.
Então, eu acho que a atitude do Prefeito e dos
Vereadores da base aliada é uma atitude coerente para não acontecer o que
aconteceu com a Azaléia e com outras empresas do Vale dos Sinos, e um pouco com
a Prefeitura. Essa troca é racional, coerente, e isso tem de ser explicado para
a sociedade. Obrigado.
O SR. ERVINO BESSON: Ver. Elias
Vidal, sou grato a V. Exª. Há milhares de pessoas desempregadas! É fim
de ano, pessoas que têm a intenção de comprar um presente para a esposa, para
os filhos, sequer têm condições, porque são milhares de desempregados, são 40
empresas que faliram!
Então, acho que nós temos que ter uma
responsabilidade. Se fomos eleitos por uma parcela da população de Porto
Alegre, nós temos que ter essa responsabilidade. E, graças a Deus, nesta Câmara
Municipal, nós podemos ter orgulho de dizer que Porto Alegre está representada
por Vereadoras e Vereadores preparados, que têm responsabilidade com a nossa
população. Mas não podemos aceitar algumas colocações aqui nesta tribuna,
porque o Governo que tinha ganância de aumentar os impostos era o PT - a
população que nos assiste no Canal 16, da TVCâmara, sabe disso! Quantos
Projetos nós seguramos nesta Casa, meu caro colega Ver. Nilo, com grandes
aumentos de impostos, na época do Governo PT!
Há um discurso sendo usado aqui, que diz que
quem tem mais tem que pagar mais. Ora, mas as pessoas que têm patrimônio maior
também pagam sobre o seu patrimônio! Vou citar como exemplo: se o Ver. Nilo tem
uma casa que custa 100 mil reais, ele vai pagar o IPTU sobre esse valor; se o
Ver. Elias Vidal tem uma residência que custa 500 mil reais, ele já paga sobre
o valor venal, que é de 500 mil reais. Então, ao natural, já paga mais. Agora,
usar essa frase de quem tem mais tem que pagar mais não é o caminho. O pessoal
já paga por naturalidade; isso é lei. Temos que colocar isso com clareza.
Portanto, para encerrar, quero, mais uma vez,
aqui, dizer que o Prefeito Fogaça vai mostrar competência; já demonstrou nessa
negociação que houve com os Vereadores da base do Governo, porque já disse que
competência demonstra o administrador que consegue administrar também com
poucos recursos. Eu estou repetindo isso pela segunda vez. Nós temos,
praticamente, semanalmente, uma conversa com o Prefeito, aberta e clara. E nós
vamos, sim, ajudar a governar esta Cidade. Com poucos recursos? Sim, com poucos
recursos. E não vamos fazer como muitos governos, que, quando falta caixa para
administrar, o que pensam? Primeira coisa: “vamos aumentar impostos, vamos
aumentar impostos”, como fez o Governo Federal, o Lula. Como é que ele governa?
Só cobrando impostos. “Vamos aumentar impostos para ter caixa para poder arcar
com a despesa.” Não! Não é assim que se governa! Governo competente,
administração competente tem competência para administrar com poucos recursos
também! Sou grato a V. Exª, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
Registramos a presença, na Casa, da Drª Ana
Maria Oliveira, Procuradora-Geral da Fundação Cultural Palmares, do Ministério
da Cultura; de Sebastião Henrique Santos Lima, da Coordenação de Projetos
Especiais do INCRAS/RS; da Srª Teresinha da Mota Campanez, da Coordenação de
Políticas do Núcleo do Povo Negro, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre; de
Marco Aurélio Moreira Bicca, do Grupo de Trabalho da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre.
A Verª Margarete Moraes está com a palavra para
discutir o PLCE nº 010/05.
A SRA. MARGARETE MORAES: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, mais uma vez, eu quero lamentar
que um Projeto de tamanha importância tenha sido enviado ao apagar das luzes,
sem tempo, com muitos Vereadores desta Casa estressados, sem paciência para
discutir; um Projeto que carece de um debate, sim, de um debate muito profundo,
nesta Casa, nas Comissões e, sobretudo, na sociedade, na sociedade organizada.
E parece que o Projeto chega assim como um fato consumado, e nós temos de
definir rapidamente. Já temos duas convocações extraordinárias - não há
problema nenhum para a nossa Bancada -, mas eu creio que não é o melhor método.
Analisando algo que ainda não foi dito, no que
se refere ao desconto, àquilo que as pessoas pagam de uma vez só e preferem ter
o desconto, as que têm essas condições, na Administração Popular, até o dia 10
de fevereiro, era concedido o desconto de 20% - agora é concedido o desconto de
20% até início de janeiro; até fevereiro, início de fevereiro, baixa para 10% -
e era 20% de desconto, e agora passa a ser 10%; o desconto até março era de 10%
- e agora é de 5%; isso significa aumento de tributos, aumento de impostos, já
em 2006.
Eu também quero criticar algo que é muito caro
para nós, da ex-Administração Popular, da Frente Popular: este Projeto não
prevê aumento diferenciado, ou seja, todos vão pagar - é linear -, todos terão
o mesmo aumento, e nós achamos que não, porque existem diferenças sociais e que
os impostos devem reconhecer essas diferenças - quem pode mais deve pagar mais.
Esse é um recuo tático do Governo, que é
inteligente, mas que eu tenho certeza, Ver. Elias Vidal, que vem da grita da
sociedade, vem da crítica, vem da posição muito firme da Frente Popular, nesta
Casa. Mas nós não somos injustos, vem também de uma posição do PSDB e da Verª
Maristela Meneghetti, por outras razões, mas eles também se colocaram contra,
inclusive dialogando com o Governo e construindo outra possibilidade. Então,
quem ajuda o Governo, Ver. Elias Vidal, é quem é crítico, não é quem concorda
com tudo. A crítica deve existir, e nós jamais pegamos carona; nós fazemos a
nossa crítica aqui na tribuna, até porque nunca fomos convidados para discutir
com o Governo; o Prefeito convida apenas a base governista para apresentar os
seus Projetos e ouvir as sugestões.
Eu acho que o Estado deve arrecadar, é uma
obrigação, porque ele tem obrigações precípuas com a sociedade.
O Estado eleito, os que foram eleitos, os
vencedores devem governar para administrar a Cidade, para resolver os problemas
de infra-estrutura, de qualidade de vida, e aí há a
questão da cultura, do meio ambiente, do esporte. O Estado tem obrigação de
proteger, de oferecer alternativas aos pobres, aos oprimidos, de valorizar os
funcionários públicos concursados. Isso é uma obrigação do Poder Público!
Quero dizer ao Ver.
Elias Vidal, mais uma vez, que, pessoalmente, o senhor é tão delicado, uma
pessoa tão querida, e o senhor é um teólogo. Desculpe-me, mas não fica bem para
o senhor, na condição de teólogo, vir aqui e rogar praga, sempre colocar uma
questão vingativa em relação a quem pensa diferente. O senhor tem de ter mais
tolerância, até porque o senhor é um teólogo! Tem de ter tolerância com as
idéias diferentes das suas, e tem de ter respeito, tem de ter um pouquinho mais
de humildade.
Então, o Governo,
logo que assumiu, na primeira convocação extraordinária, aumentou o número de
CCs e o salário de alguns CCs, e agora já tem um novo Projeto, que é dar para
os cedidos também uma Função Gratificada especial. Isso nós julgamos que não é
justo; por isso a Bancada do PT vai votar contra esse aumento de impostos, essa
mudança de índice proposta.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): A Verª Sofia Cavedon está com a
palavra para discutir o PLCE nº 010/05.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, eu quero falar de um outro aspecto. Já em Liderança, eu afirmava
que é, no mínimo, um desgoverno esse Governo decidir aplicar o IPCA aos seus
contratos, sem fazer uma discussão com a sociedade, com esta Casa, para fazer,
no mesmo momento, Ver. Dib, a incorporação ou troca eventual de índice para
tributos e para contratos. Acho que foi uma jogada de risco que já vai dar um prejuízo
imediato no ano que vem para o Orçamento público, com conseqüências óbvias na
aplicação de recursos nas políticas públicas de ponta.
Ora, o Governo se
precipitou em aceitar, talvez, pressão dos empresários; precipitou-se em não
buscar solidariedade na sociedade, ao discutir essa questão do índice dos
contratos e se antecipar nessa discussão para construirmos junto uma saída.
Nós estamos agora, na
verdade, remediando um problema que a Prefeitura criou para ela mesma, mas,
fundamentalmente, para nós - habitantes de Porto Alegre -, porque o prejuízo
está dado de qualquer maneira.
E eu acho que há um
aspecto onde se tenta recuperar o prejuízo, que é a mudança de prazos e
descontos, que já era uma conquista da cidade de Porto Alegre, Ver. Dib. Eu
estou aqui com a minha conta do IPTU, de 2004. A conta que eu paguei me
possibilitava 20% de desconto até o dia 2 de janeiro de 2004, sem indexação,
inclusive; 20% de desconto até dia 10 de fevereiro de 2004, com indexação; e
ainda 10% de desconto, que já há muito tempo vale, pagando até março, à vista.
O que a proposta do
Governo aqui faz, além de adotar um índice maior, que agora tem o desconto, tem
essa mediação, reduz os descontos para esses prazos, Ver. Nedel. E isso é um
prejuízo no bolso do contribuinte, se considerarmos as informações que estão
sendo veiculadas na imprensa de que 65% dos contribuintes pagam adiantado.
Então, aqui está a
recuperação do prejuízo que a Prefeitura já se impôs, usando IPCA para
os seus contratos. Estará concedendo 10% a menos de desconto para quem paga em
fevereiro, e 5% a menos de desconto para quem paga em março. Eu não considero
isso justo; considero que isso também caracteriza aumento de imposto ou uma
arrecadação maior do que a esperada.
Acho que a gente tem de refletir sobre esse
assunto. Isso significa, sim, um recuo; significa, sim, que Porto Alegre não
está mantendo o que é bom, ou não era boa essa possibilidade de desconto nesses
tamanhos, ou não estimulava o contribuinte a pagar em dia, ou não era bom para
os cofres públicos e para enfrentar a sonegação. Nós estamos perdendo algumas
coisas que são boas, e nós vamos cobrar esse discurso “o que é bom fica, o que
está ruim, melhora.” Os prazos, os bons prazos para poder ganhar 20% de
desconto estão sendo retirados. Está-se retirando, Ver. Nedel, o que era bom,
os 10% de março estão baixando para 5%; o Governo está retirando o que é bom.
Isso é importante, porque são valores significativos, tanto para a arrecadação
quanto para o contribuinte, pois é sempre pesado, por menor que seja o valor,
mais essa taxa, porque, no fim de ano, início de ano, são várias taxas que se
agregam ao orçamento regular.
Então, parece-me que a Câmara de Vereadores deve
refletir e tentar preservar essas duas conquistas já históricas da Cidade, que
são esses dois descontos nesse tamanho e nesse prazo.
A Bancada do PCdoB fez uma Emenda recompondo:
está retirando e corrigindo para incorporar o desconto, para amenizar a mudança
de índice, e nós votaremos, com certeza, com a Bancada do PCdoB, mas acho que o
conjunto da Casa deveria sinalizar que, se a Cidade votou num Governo que diz
que o que é bom fica, nós deveríamos tentar manter essa palavra, pelo menos a
Câmara de Vereadores, e não causando prejuízo nos percentuais de desconto para
quem paga à vista. Faço esse apelo, faço novamente o registro que nós queremos
que o que era bom, que viabilizava a Cidade, viabilizava os contribuintes,
permaneça.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Visivelmente
não há quórum.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão
Extraordinária e, à tarde, retornaremos à discussão do presente Projeto.
(Encerra-se a Sessão às 12h12min.)
* * * * *